Clube Militar: "Aécio é esperança para o país escapar da sovietização"

O Clube Militar, formado basicamente por oficiais da reserva e defensor do golpe de 1964, não só manifesta apoio ao candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, como vê no tucano a esperança para que o Brasil escape de um processo de "sovietização", levado a cabo por um governo atrelado à origem comunista. Para a entidade, o caminho a seguir fica entre "mirabolantes teses esquerdistas que falharam em todo o mundo" e os democratas.

Aécio clube militar - Reprodução

Na visão do clube que volta e meia reage a qualquer iniciativa considerada refratária aos "ideais" de 1964, uma vitória de Aécio afastaria o país "da preocupação de vivermos no limbo de uma possível mudança de regime que nos colocaria à margem da democracia". Isso porque, argumenta, o PSDB, mesmo sendo de esquerda – espectro ideológico em que quase todos os partidos são identificados pelos militares da reserva, apesar do perfil conservador da maioria –, "foge ao radicalismo nocivo e extremado".

Apoio à Marina no 1° Turno

Em documento divulgado em setembro, o clube mais conservador do Exército diz que a candidata do PSB é “um fio de esperança” para derrotar a candidata do PT, Dilma Rousseff. “Esperança de algo novo e diferente, que rompa com a tradição negativa representada pelos atuais homens públicos”, diz o texto.

Confirmando que muda de acordo com as circunstâncias, a adesão dos militares do clube veio junto com a declaração da candidata em sabatina do portal G1, da Globo, em que diz ser contra a revisão da Lei de Anistia. Marina dizia que a tortura era crime hediondo, inclusive em artigos publicados em jornais.

Ainda em setembro, o presidente do Clube Militar, general Gilberto Pimentel, repeliu com agressividade manifestações de membros da Comissão Nacional da Verdade pela revisão a Lei da Anistia. Na mesma retórica pré-golpe e característica da época da Guerra Fria, o militar sugeriu que uma possível "desanistia" começasse por aqueles que queriam transformar o Brasil em "satélite de Moscou" e agora, perdoados por seus "crimes", voltam a pregar ideias marxistas. Concluiu sua reflexão com uma ameaça: "Saibam eles que de novo colocada em risco a democracia, as forças vivas da nação, como em 64, reagirão à altura".

O clube critica sem trégua a política externa do atual governo, caracterizada, entre outros fatores, pela não adesão automática aos Estados Unidos e maior aproximação com o Mercosul, além de mercados asiáticos e africanos. Para a entidade, isso subordina os interesses nacionais "a um terceiro-mundismo mofado e que leva ao isolamento em relação aos maiores centros de poder do mundo".

O bombardeio inclui o Decreto 8.243, que implementou a Política Nacional de Participação Social. Tal medida teria servido basicamente para criar "sovietes". E a presidenta Dilma Rousseff "não consegue disfarçar a revolta" por manter-se na dependência "de seu guru e criador" – o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é citado.

Assim, louvando a presença de Aécio no segundo turno, "quando tudo parecia perdido", o Clube Militar espera que o fim do projeto de poder representado pelo PT vire "uma página negra" da história brasileira. Assim pensam alguns dos responsáveis pelo mais longo período autoritário do país.

Fonte: Rede Brasil Atual