El Salvador: Comissão apresenta Livro Amarelo com crimes do exército

O chamado Livro Amarelo – um documento da Força Armada de El Salvador que recolhe informação de inteligência dos anos do conflito armado (1980-1992) – foi apresentado pela Comissão de Direitos Humanos, como “uma ação para superar a impunidade existente no país”, segundo informou à imprensa o diretor da entidade, Miguel Montenegro.

Comissão apresenta Livro Amarelo que revela crimes do exército salvadorenho - Reprodução

"Aí estão os nomes e sobrenomes (daqueles) que foram assassinados pela Força Armada de El Salvador", sublinhou Montenegro, que assegurou que a Comissão de Direitos Humanos contribuiu com informações para a consolidação deste documento.

O Livro Amarelo consiste em uma lista sistemática com 1.915 registros, 1.857 sobre pessoas identificadas por nome, com suas correspondentes fotografias e sua suposta conexão com organizações que eram consideradas “suspeitas”, como sindicatos, partidos políticos e a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN).

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Cerca de 43% dos nomes que aparecem na lista detalhada correspondem a denúncias de violações de direitos humanos e desaparecimentos forçados, enfatizou o diretor.

Ele informou que as denúncias foram realizadas por vítimas e familiares de vítimas e registradas por organizações humanitárias salvadorenhas e pela Comissão da Verdade das Nações Unidas, durante o período de 1980 a 1992.

O Livro Amarelo é o relatório elaborado pelo Estado Maior Conjunto da Força Armada de El Salvador (Faes)o organismo de elite operativo do exército.

Este documento confidencial do exército salvadorenho poderia ser o elo perdido que confirma o envolvimento das forças armadas em atividades dos esquadrões da morte, como torturas e desaparecimentos forçados durante a guerra civil.

Os salvadorenhos citados em sua lista foram considerados "terroristas criminosos" e muitos sofreram detenções ilegais, tortura, execução extrajudicial, desaparecimento forçado e outras violações dos direitos humanos.

Este é o primeiro documento militar confidencial salvadorenho que se faz público; ademais, é a única prova proveniente dos próprios arquivos do Exército sobre métodos de vigilância utilizados pelas forças de segurança e dirigidos a cidadãos salvadorenhos durante a guerra civil.

O Livro Amarelo foi publicado na internet, junto com uma análise do mesmo e documentos estadunidenses relacionados, aos quais perderam a classificação de segredo oficial que os regia.

Sua publicação foi possível pela colaboração entre o National Security Archive (Arquivo de Segurança Nacional), o University of Washington Center for Human Rights (Centro de Direitos Humanos da Universidade de Washington, UWCHR) e o Human Rights Data Analysis Group (Grupo de Análise de Dados de Direitos Humanos).

Entre os casos individuais analisados estão os da acadêmica e defensora de justiça social María Teresa Saballos, desaparecida em 1979; do líder sindical Héctor Bernabé Recinos, cuja esposa e filha desapareceram enquanto ele estava detido ilegalmente e era torturado; entre outros.

A autenticidade do documento está confirmada por sua coerência com estes casos, revela uma recente informação a respeito deste documento.

Fonte: Prensa Latina