China e Rússia podem superar o Ocidente

A maior dor de cabeça para os EUA têm sido a Rússia e a China que continuam interagindo na arena internacional sem seguir a linha política de Washington que vem exercendo a pressão sobre os regimes “inconvenientes”. Tal é uma conclusão tirada pelo periódico norte-americano The Washington Times.

China e Rússia - AP / RIA-Novosti

Nas suas ações, a Rússia e a China se aproveitam da falta de sagacidade estratégica e de ambições políticas dos EUA e do mundo ocidental em geral, salienta um artigo publicado naquele jornal. O que é que significa o fortalecimento da parceria russo-chinesa para ambos os países e para a situação internacional? Tal pergunta se debate muita frequência por especialistas e pela mídia

Na opinião do especialista em relações internacionais, o academico russo Alexei Arbatov, os EUA têm acompanhado com muita atenção e inquietação, o evoluir da parceria estratégica russo-chinesa.

Antes da crise ucraniana, Moscou e Pequim tinham contradições com Washington por terem defendido uma visão diferente dos problemas atuais desde a Síria e a regularização coreana até à reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Entretanto, a confrontação que surgiu nas relações russo-americanas não podia senão influir no desenvolvimento das relações entre a China, a Rússia e os EUA. Aqui também se nota uma escalada da tensão que se traduz tanto em avaliações críticas na imprensa norte-americana, como na alteração da política externa dos EUA, reputa o acadêmico.

“Os EUA consideram indispensável a sua presença na parte ocidental do Oceano Pacífico e na região euro-atlântica, aspirando ao domínio nessas regiões. Ao mesmo tempo, a cooperação russo-chinesa lança um sério desafio a esse papel de liderança. Os recursos e tecnologias, aliados ao enorme potencial econômico da China, vão criando um polo de atração perigoso para os EUA”.

Todavia, no parecer de Arbatov, o Ocidente realmente sofre de miopia estratégica. Muitos especialistas e políticos exageram as potencialidades antiocidentais que encerra alegadamente a colaboração russo-chinesa. A situação real vem empurrando a Rússia e a China para uma estreita cooperação econômica e proteção dos princípios fundamentais do direito internacional que devem protagonizar a edificação da ordem mundial justa e equilibrada. Não se trata, porém, de uma colaboração militar apontada, não raro, por analistas ocidentais, como um importante componente da parceria russo-chinesa.

Na ótica de Alexei Arbatov, os EUA e o Ocidente não irão tentar exercer a pressão sobre a Rússia e a China, impondo-lhes a corrida armamentista. O cenário da Guerra Fria não se repetirá por ser insustentável para todos, inclusive os EUA.

Haverá, contudo, tentativas de criar e reforçar alianças antirrussas e antichinesas. Por exemplo, obrigar a União Europeia a tomar novas sanções contra a Rússia. Os EUA continuarão a empreender esforços enérgicos para fomentar os ânimos antichineses na região asiática do Pacífico. Ali, Washington tem muita liberdade de manobra em face das relações complicadas que se criaram entre a China e os Estados da região, adianta o acadêmico.

A China não é capaz de ajudar a Rússia a aguentar as sanções por estar recebendo muitas tecnologias do Ocidente sem a possibilidade de reexportá-las. No entanto, a Rússia e a China deverão pensar mais sobre seus interesses comuns para poderem vir a ocupar posições que merecem no mundo em constante mudança, afirma em conclusão o acadêmico Alexei Arbatov.

Fonte: Voz da Rússia