Carimbó paraense torna-se patrimônio cultural imaterial do Brasil

O carimbó acaba de se tornar Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O registro foi aprovado por unanimidade nesta quinta-feira (11), em Brasília, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, formado por representantes da União e da sociedade civil.

Criado no século 17 por negros africanos do nordeste do Pará e com influências indígena e ibérica, o carimbó é uma das mais tradicionais expressões culturais do estado do Pará e da região amazônica brasileira.

O registro do carimbó foi comemorado em ato público realizado nesta quinta (11) em Belém do Pará, com a presença da ministra da Cultura, Marta Suplicy. “Quando se tem uma expressão cultural deste porte e não há a chancela do Estado, ela tende a desaparecer ao longo dos anos”, afirmou a ministra. “Com o reconhecimento do Estado, o carimbó passa a ser perene, é patrimônio brasileiro”, observou.

Marta Suplicy – que foi recebida no ato comemorativo por dançarinas e grupos de carimbó – adiantou que o Brasil pretende trabalhar para que o carimbó seja registrado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio imaterial mundial. “A chancela nacional é voltada à preservação, e a da Unesco, a uma maior visibilidade internacional, o que é muito importante para a atração de turistas”, destacou a ministra.

A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, destacou que o Estado, juntamente com os praticantes do carimbó, é agora um parceiro na manutenção e na vitalidade dessa expressão cultural. “A gente já sabe que o carimbó é muito vivo, que a alegria e a riqueza da prática são contagiantes por si só, que ele seria capaz de se manter por mais um século, como vem fazendo até então. Mas a responsabilidade do Estado é com certeza um fator a mais desse nosso compromisso”, afirmou. “Esse reconhecimento beneficia sobretudo o Brasil, que pode se reconhecer, em seu amplo território, em valores culturais que representam a unidade do país”, ressaltou.

O pedido de registro do carimbó como patrimônio imaterial do Brasil foi apresentado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, pela Associação Cultural Japiim, pela Associação Cultural Raízes da Terra e pela Associação Cultural Uirapurú. Entre os anos de 2008 e 2013, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Superintendência do IPHAN no Pará conduziram o processo de registro e realizaram pesquisas para a Identificação do carimbó em diversas localidades do estado.

O resultado final da pesquisa foi consolidado no Dossiê Carimbó, que tem o objetivo de ser uma referência documental do carimbó no Pará. Durante 40 dias, o documento esteve disponível para consulta popular no site do IPHAN. As sugestões recebidas, após avaliação, foram integradas ao texto final.

Pau que produz som

Apesar de a manifestação cultural ter se originado entre os escravos, o nome carimbó tem origem indígena. Vem do tupi korimbó (pau que produz som), junção de curi (pau oco) e m’bó (furado, escavado). Os primeiros carimbós – ou curimbós – eram feitos de madeira oca e cobertos, em uma das extremidades, por couro de veado. Com o tempo, carimbó passou a referir-se não apenas aos tambores, mas também à dança associada ao ritmo produzido pela percussão.

Hoje, a expressão carimbó é utilizada majoritariamente como referência à expressão que envolve festa, música e coreografia características e tradicionalmente reproduzidas no nordeste paraense. Os temas das canções, em geral, são alusivos a elementos da fauna e da flora da região, ao dia a dia do trabalho e às práticas cotidianas.

Fonte: MinC