Nova base naval reforça interesses russos no Ártico

A Rússia fortaleceu a defesa de seus interesses no Ártico com a fundação de uma base naval na Ilha de Wrangel, confirmou hoje o porta-voz do Distrito Militar Leste da Federação Russa, capitão-de-navio Román Mártov.

Prirázlomnaya

Os marinheiros, que chegaram à Ilha de Wrangel para realizar trabalhos hidrográficos no navio Marechal Guelovani, içaram nela a bandeira da marinha russa, com a qual fundaram uma nova base da Frota do Pacífico, disse a agência de notícias do parlamento russo RIA-Novosti.

Localizada no Oceano Glacial Ártico entre o mar da Sibéria Oriental e o de Tchukotka, Wrangel constitui uma reserva nacional do mesmo nome e foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco.

Desde que a primeira bandeira nacional foi içada aqui por tripulantes do quebra-gelo russo Vaigach em 1911, foram registradas primeiro tentativas do Reino Unido e depois dos Estados Unidos de se apropriarem deste território.

No entanto, foi a chegada a esta região em 1924 do navio-patrulha Krasni Oktiabr (Outubro Vermelho) e a implantação do pavilhão soviético em seu solo o fator que definiu a jurisdição sobre a ilha em disputa.

A fundação da nova base militar avançada russa coincide com um aumento sem precedentes das ameaças do Pentágono e da Otan contra Moscou, em apoio a aqueles que quebraram a ordem constitucional na Ucrânia com o golpe de estado de 22 de fevereiro.

É notória a presença de navios de guerra fortemente armados de Washington no mar Negro, e um sem-número de efetivos, caças e bombardeiros do Pacto do Atlântico Norte em territórios próximos à Rússia como as Repúblicas ex-soviéticas do Báltico, Polônia, e Romênia.

A costa russa do Ártico se estende por 22.600 quilômetros – duas vezes maior que esse tipo de costa do resto do mundo –, e cerca de 20% do produto interno bruto (PIB) do país procede dessa região, segundo fontes governamentais.

O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patruchev, alertou sobre o interesse nesta área de países como os Estados Unidos, Canadá, Islândia, Noruega e Dinamarca, incluída a mobilização militar, que tem aumentado drasticamente.

Patruchev explicou que essas ações estão associadas à luta pelo acesso ao Ártico e pelo controle de seus recursos minerais e energéticos.

A Gazprom, monopólio energético e avanço econômico de Moscou na zona, abriu em 23 de dezembro passado o primeiro projeto na história da Rússia de produção de hidrocarbonetos no Ártico ao iniciar a extração de petróleo na plataforma Prirazlómnaya, no mar de Petchora, segundo fontes da empresa.

Com reservas de 72 milhões de toneladas, a jazida de Prirazlómnoya foi descoberta em 1989 e sua exploração foi planificada para 2004, mas só foi concretizada quase uma década depois, com a previsão de obter seis milhões de toneladas anuais.

Fonte: Prensa Latina