Mais dois trabalhadores rurais são assassinados no Mato Grosso

Recentemente o Vermelho noticiou a morte de Maria Lucia do Nascimento, líder camponesa assassinada por fazendeiros da região do assentamento onde ela vivia com mais 25 famílias. Três dias depois, neste sábado (16), outros dois trabalhadores rurais foram assassinados no Mato Grosso, trata-se de Josias Paulino de Castro e sua esposa Ireni da Silva Castro.

Maria Lucia do Nascimento - Arquivo pessoal

Josias e Ireni viviam no distrito de Guariba, no município de Colzina, ele era o presidente da Associação Aspronu – Projeto Filinto Müller. O casal foi assassinado com vários disparos de arma de fogo.

Josias, enquanto presidente da Aspronu, lutava pela legalização das terras do Projeto Filinto Müller e denunciava as emissões irregulares de títulos definitivos dessa área em nome de fazendeiros e empresários da região. A partir dessas denúncias, cuja a última foi feita em 5 de agosto, durante reunião com o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva, Josias passou a ser alvo dos que queriam extrair madeira ilegalmente, de supostos políticos denunciados pelo presidente da associação, da Polícia Militar e do presidente do Instituto de Terras do Mato Grosso (Intermat).

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Por várias vezes, nesta última reunião, Josias afirmou a existência de pistoleiros na região e afirmou, ainda, que nunca foram tomadas providências. “Estamos morrendo, somos ameaçados, o Governo do Mato Grosso é conivente, a PM de Guariba protege eles [os fazendeiros da região], o Governo Federal é omisso, será que eu vou ter que ser assassinado para que vocês acreditem e tomem providências?”, questionou Josias.

A Contag tem acompanhado de perto a situação dos camponeses do Mato Grosso, e desde o assassinato de Maria Lucia a entidade está com todos os seus esforços voltados para esta questão.

“A Contag alerta as autoridades sobre o aumento da violência no campo contra trabalhadores e trabalhadoras rurais devido aos conflitos agrários. A Confederação exige providências para punição dos responsáveis e proteção aos trabalhadores rurais que continuam ameaçados.
Josias, por exemplo, já havia solicitado proteção devido às ameaças recebidas. Até quando vamos continuar vendo os homens e mulheres do campo perdendo suas vidas por denunciarem irregularidades, agressões e por lutarem por direitos e uma vida melhor? Precisamos por um fim à impunidade no campo!”, diz uma nota divulgada no site da Confederação.

A Confederação defende que a única solução definitiva para os conflitos pela posse de terra é uma reforma agrária ampla e massiva, capaz de democratizar a propriedade de terra e criar bases para a construção da mudança do atual modelo de desenvolvimento “que é excludente, predatório, concentrador da terra, da renda e do poder por um modelo sustentável e solidário”.

Da redação do Vermelho, com informações da Contag