Israel, o Estado mais belicoso do mundo e sua próxima guerra

Os corpos dos civis palestinos massacrados por Israel ainda estão sob as ruínas dos prédios bombardeados em Gaza. Nenhuma casa das onze mil destruídas durante o mais recente massacre de julho/agosto de 2014 foi reconstruída. Estão desabrigados os quinhentos mil civis palestinos obrigados a deixar suas casas.

Por Abdel Latif

Gaza continua sem eletricidade, água, medicamentos. Três mil dos onze mil feridos ficarão com sequelas incapacitantes permanentes. Mesmo assim, Israel já começou a falar da sua próxima guerra. Milhões protestaram nas ruas de muitas cidades ao redor do mundo e a opinião pública internacional está chocada com a crueldade israelense. Mesmo assim, Israel já prepara sua próxima guerra.

A despeito dos conselhos de seus servis aliados, preocupados com os danos irreversíveis à imagem de Israel, os tambores de guerra em Israel nunca silenciam. Parece irracional, ilógico e até esquizofrênico que o belicoso Israel insista em perseguir resultados diversos através dos mesmos meios.

Todas as muitas guerras de Israel, desde sua eclosão até o último genocídio de Gaza, têm como metas: exterminar os palestinos ou empurrá-los para o deserto ou coagi-los a aceitar, de joelhos, os termos de rendição. Até hoje, Israel não obteve o êxito pleno em sua limpeza étnica, já que não conseguiu enterrar o sonho, nem a resistência palestina. Mas mesmo assim, Israel não consegue ver a luz no fim do túnel e não tenta caminho diverso. É a “ilógica” de todos os colonialistas em todos os tempos e lugares. Israel é a última aventura colonialista existente no mundo de hoje.

Poucos opressores aprenderam com a História e tampouco com os fracassos dos opressores que os antecederam. É a lei da soberba que atrai a ruína. A luta dos palestinos é pela libertação nacional. Na história recente, os povos que enfrentaram o colonialismo, saíram vitoriosos. Israel não é exceção. Mesmo com sua superioridade militar, sua aversão a vizinhos e seu caráter sempre encrenqueiro, turbulento e belicoso, Israel não derrotará a resistência palestina.

O escritor israelense Boaz Evron, há muito tempo, disse que “a tendência básica da política e do povo israelense é para resolver os problemas através da força e para considerar a força como início e fim de todas as coisas, em vez de tentar soluções políticas e diplomáticas”.

A belicosidade dos israelenses escancara-se nas palavras de seus dirigentes e cidadãos. Vejamos:

1 – O ministro das finanças de Israel, Yair Lapid, declarou ao “The times of Israel”, em 9 de agosto de 2014, que o exército israelense vai caçar os líderes do Hamas, exatamente como os Estados Unidos não descansou até eliminar Bin Laden. Segundo o ministro, o exército vai fazer tudo o que deveria para trazer tranquilidade à população israelense.

2 – O ministro da economia de Israel, Naftali Bennet, declarou ao “Wall street journal” em 8 de agosto de 2014, que o que está em jogo é o poder de detenção, controle, de Israel para os próximos anos. Nossa próxima ação deve ser firme, cruel e dolorosa.

3 – Uma pesquisa realizada pelo instituto israelense Gal Hadash, mostrou que 89% dos israelenses acreditam que Israel atacará Gaza novamente e 59% deles não estão preocupados com a possibilidade de Israel ser julgado em Tribunal Internacional de Justiça. 63% estão satisfeitos com a ação do primeiro ministro em relação à Gaza e 83% estão satisfeitos com a conduta do chefe de Estado-maior do exército.

4 – A agência de notícias israelense Walla publicou declarações de generais israelenses acusando o Hezbollah de cavar túneis no sul do Líbano, ameaçando o norte de Israel. Milhares de israelenses fizeram abaixo-assinado exigindo que o exército destrua esses túneis. Não são os foguetes de Gaza que deixam os israelenses inseguros. Não são os túneis, nem Hamas, nem Hezbollah, que ameaçam a existência de Israel. Israel chegou ao limite de sua força, mas essa grande força bruta é incapaz de trazer legitimidade, segurança e paz.

É hora de Israel reconhecer e reparar seu pecado original e seus muitos pecados de expansão e manutenção. Sem a análise e correção dos fatos, sem a compreensão de que só há paz com justiça e a segurança é fruto da paz, Israel está destinado a viver com a espada e a turbulência. A antiga sabedoria judaica, ignorada por Israel, ensina que aquele que mata com a espada, com a espada morrerá.

Abdel Latif é médico palestino residente no Brasil