Aécio confessa em entrevista ao Jornal Nacional que reduzirá o Estado

Em entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, o candidato tucano Aécio Neves admitiu que seu plano é reduzir o Estado, deixar correr solta as regras do sistema financeiro e aplicar o pragmatismo nas relações internacionais brasileiras.

Aécio no Jornal Nacional - Reprodução

O Jornal Nacional deu início nesta segunda-feira (11) à série de entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Ainda que pese o fato das entrevistas serem de apenas 15 minutos, abordando superficialmente os assuntos, Aécio reafirmou que entre suas metas estão medidas de cortes dos programas sociais e alinhamento ao sistema financeiro.

Questionado sobre as “medidas impopulares” nos ajustes das contas públicas e aumento de tarifas, Aécio tentou fugir do assunto dizendo que tomaria “medidas necessárias”, mas em seguida escorregou: “É óbvio que nós vamos ter que viver um processo de realinhamento desses preços. (…) Eu não vou temer tomar aquilo que seja necessário”.

Aécio seguiu dizendo que “vamos, sim, enxugar o Estado” para aplicar aquilo que chama de ajuste de “custo”, reafirmando a essência do plano de governo de Aécio que é tudo para o sistema financeiro e a especulação, que ele chama de ‘investidores’, e redução do Estado como centro promotor do desenvolvimento social.

Pragmatismo internacional

O tucano também enfatizou a necessidade de mudança na política externa, com prioridade para o “pragmatismo” em detrimento do ideológico, para que o país tenha a “confiança” do sistema financeiro. Para Aécio, questões como a agressão à Palestina, por exemplo, devem ser tratadas à luz dos interesses financeiros com Israel, em detrimento da solidariedade com o povo palestino agredido.

Tucanoduto

Sobre a corrupção no governo tucano de Eduardo Azeredo, em Minas Gerais, Aécio gaguejou e tentou distanciar-se do aliado que sobe no seu palanque para pedir voto ao amigo. “Ele está me apoiando, não é o inverso”, disse.

Aécioporto

Questionado sobre a construção do aeroporto de Cláudio em terras da família e o seu uso quando governador de Minas Gerais, Aécio disse não ver “constrangimento ético” e que a propriedade está no patrimônio de sua família há 150 anos. E foi além dizendo que a obra realizada nos 30 alqueires, que segundo ele “é um sítio”, valorizaram a região.

Sem propostas sociais

A falta de propostas para as questões sociais – que não é por acaso já que sua meta é priorizar o sistema financeiro – também foi alvo de perguntas. “Não só vou continuar com o Bolsa Família, como eu quero que, além da privação da renda, as pessoas que o recebem possam ter uma ação do Estado”, disse Aécio. A contradição é evidente: se vai reduzir o Estado e enxugar custos, não vai manter os programas sociais.

Aécio se perdeu quando teve que explicar o desempenho no campo social de Minas Gerais que, hoje, sustenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano de toda a Região Sudeste e ocupa a nona posição no ranking nacional. “Estes números têm que ser vistos no seu conjunto”, disse Aécio, colocando a culpa no Vale do Jequitinhonha, que segundo ele, “é uma região, que, historicamente, tem um IDH menor do que a média do Nordeste”. Ora, se sabia disso, já que é uma questão histórica, porque não melhorou as condições de vida daquela população?

Diz que é santo, mas não diz o milagre

Aécio pipocou mesmo quando o assunto foi saúde. Willian Bonner apontou que apesar do candidato gostar de dizer que mudou a saúde de Minas, analistas que se debruçaram sobre investimentos públicos na saúde do estado afirmam que isso foi muito mais resultado de investimentos da União, ou seja, do governo federal de Lula e Dilma, e de municípios do que do estado.

Aécio, por sua vez, disse que a saúde passou por um processo “transformador” em seu governo e que até uma diretora da USP, sem citar nome, também achou que ele transformou a saúde. Disse quem foi o santo, mas não contou o milagre. Em nenhum momento apresentou números dos investimentos que fez durante o seu governo muito menos quais foram os avanços conquistados por tais ações.

Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos