Brasil e Itamaraty são atacados ao criticar ofensiva de Israel

A nota emitida pela Chancelaria do Brasil nesta quarta-feira (23) sobre a situação na Faixa de Gaza foi respondida de forma raivosa e ofensiva pelo governo de Israel e setores virulentos no próprio Brasil. Em coluna na Veja, Reinaldo Azevedo usa a reação do governo ao massacre dos palestinos para atacá-lo de forma oportunista e manipuladora, enquanto a Confederação Israelita do Brasil (Conib) volta a atuar como agência da liderança sionista por trás dos crimes de guerra israelenses.

Faixa de Gaza - AFP

Em declaração divulgada em sua página, a Conib, que alega representar a comunidade judaica no Brasil, faz a acusação leviana contra o governo brasileiro de “endossar a política de [usar civis como] escudos humanos”, o principal pretexto do governo israelense para se eximir da responsabilidade pelas mortes de centenas de civis e crianças, entre as quase 800 vítimas fatais da ofensiva contra a Faixa de Gaza.

De acordo com organizações internacionais no local, 80% dos palestinos mortos nos 16 dias de bombardeios lançados pelas forças israelenses por ar, terra e mar são civis e cerca de 200 são crianças. Ainda assim, o governo israelense e seus porta-vozes, como a Conib e Azevedo – que intitulou o artigo em sua coluna na revista Veja, nesta quarta, de “Ação do governo Dilma contra Israel: Só antiamericanismo ou também antissemitismo?” – insistem em justificar o massacre dos palestinos.

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Apenas nos últimos cinco anos os palestinos de Gaza – já enfrentando repetidas emergências humanitárias devido ao bloqueio israelense – foram submetidos às “operações militares” de Israel três vezes, com mais de duas mil mortes como consequência e inúmeras denúncias de crimes de guerra ainda não respondidas, uma vez que os defensores desta política agressiva preocupam-se mais com eximir os responsáveis.

Manifestações massivas em todo o mundo têm rechaçado a nova ofensiva israelense, que se enquadra em um contexto mais amplo de ocupação, opressão e massacres repetidos pela história, enquanto qualquer ação de resistência por parte dos palestinos é taxada de “terrorista”. O seu direito à "autodefesa", para os defensores da agressão israelense, não existe.

Comunidades judaicas de diversos países e também vários grupos organizados em Israel somam-se diariamente às vozes contrárias à violência e à ocupação, afirmando não serem representados pela política colonialista, racista, extremista e ultranacionalista levada a cabo pelas lideranças israelenses, que contam com apoio direto dos Estados Unidos, cujos líderes possuem seu próprio histórico de crimes de guerra.

O Brasil enfatiza frequentemente a sua posição pelo diálogo e pela diplomacia para encerrar definitivamente o ciclo de violência e a ocupação ilegal da Palestina. Ainda assim, o porta-voz do governo israelense, Yigal Palmor, disse ao jornal The Jerusalem Post que a nota “demonstra” porque o Brasil “continua a ser um anão diplomático”, ainda que o país seja um dos únicos com relações diplomáticas estabelecidas com todas as nações do mundo e integre um grupo que tem mudado as perspectivas sobre o sistema internacional.

Azevedo adotou a mesma postura do porta-voz israelense, insultando o Itamaraty e o chanceler Luiz Alberto Figueiredo pela breve nota emitida na quarta, classificando-a de “intelectualmente delinquente”. O colunista da Veja escolhe fechar os olhos para as violações do Direito Internacional Humanitário e usar o posicionamento do governo brasileiro a respeito para cumprir a agenda política do meio para o qual escreve, a qualquer custo.

Enquanto movimentos sociais e indivíduos de todos os cantos do globo levantam-se contra a opressão do povo palestino, a Conib e vozes cínicas e oportunistas como a de Reinaldo Azevedo aproveitam-se da situação para atacar a posição do governo, que conta com o apoio dos brasileiros na condenação ao contínuo massacre dos palestinos.

Da Redação do Vermelho