Declaração do Brics define posição sobre conflitos no Oriente Médio

A Declaração de Fortaleza emitida pelos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul no primeiro dia da 6ª Cúpula do Brics, na quarta-feira (15), trata de uma série de questões significativas no atual contexto internacional. Entre os 72 pontos do documento estão posições sobre diversos conflitos graves ainda em curso, com ênfase para a situação no Oriente Médio. Leia a íntegra do documento no final desta matéria.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Brics - Reprodução

Os líderes do Brics afirmaram grave preocupação com a situação no Iraque, na Síria, na Palestina e em Israel. Durante um discurso na sessão plenária de quarta-feira, acompanhada pelo Portal Vermelho, o presidente Vladimir Putin lembrou o papel dos governos da Rússia e da China no bloqueio de uma resolução do Conselho de Segurança que permitisse uma intervenção militar em território sírio, assim como a sua mediação no acordo que possibilitou a eliminação das armas químicas da Síria.

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No documento, o Brics condena o terrorismo, reconhece as medidas práticas tomadas pelas partes sírias para a implementação de acordos locais, saúda o compromisso do país com a eliminação das armas químicas e reitera a “visão de que não há solução militar para o conflito”, destacando “a necessidade de evitar a sua maior militarização” e a urgência da reconciliação nacional.

"Conclamamos todas as partes a se comprometer imediatamente com um completo cessar-fogo, deter a violência e permitir e facilitar acesso imediato, seguro, pleno e irrestrito para as organizações e agências humanitárias, em conformidade com a resolução 2139 do Conselho de Segurança da ONU,” afirma o texto.

Sobre o Iraque, o Brics garantiu firme apoio ao governo “em seus esforços para superar a crise, preservar a soberania nacional e a integridade territorial” e afirmou: “Estamos preocupados com os efeitos do alastramento da instabilidade no Iraque resultantes das crescentes atividades terroristas na região, e instamos todas as partes a enfrentar a ameaça terrorista de maneira consistente.”

“Exortamos todos os atores regionais e globais a se absterem de interferências que agravarão a crise e a apoiarem o Governo e o povo iraquianos em seus esforços para superar a crise e construir um Iraque estável, inclusivo e unido,” continua o documento, também enfatizando a importância da reconciliação e da unidade nacional.

A declaração também faz referência à necessidade de combate ao terrorismo no Afeganistão, de cooperação abrangente para a reconstrução e recuperação econômica do país e de “um processo de paz amplo e inclusivo no Afeganistão que seja liderado e apropriado pelos afegãos,” saudando a realização de eleições no país da Ásia Central e instando a ONU a tomar parte direta nos esforços de estabilização.

Além disso, o documento insta à convocação emergencial de uma conferência para o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa no Oriente Médio. As denúncias reiteradas à ameaça representada pelo arsenal nuclear não declarado de Israel têm repercutido, embora com algum atraso. Diferentes estimativas calculam que o governo israelense detenha entre 80 a 200 ogivas nucleares desenvolvidas desde a década de 1970.

Já sobre a Palestina, o Portal Vermelho analisou o documento em matéria distinta, devido à gravidade da escalada da violência israelense contra os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, levando em consideração que um posicionamento dos países do Brics é uma expectativa dos palestinos e dos movimentos de apoio ao povo palestino, cada vez mais atuantes.

Declaração de Fortaleza