Queda no preço de produtos agrícolas pode perdurar, diz a FAO

A recente queda nos preços dos principais produtos agrícolas poderia se prolongar durante os próximos dois anos, antes de se estabilizar acima das cifras de 2008, anunciaram nesta sexta-feira (11) órgãos internacionais.

Preços dos alimentos cai na América Latina - FAO/J. Spanner

A previsão foi apresentada em um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), sobre as perspectivas agrícolas.

Segundo ambas instituições, as cotações dos alimentos vindos do campo se manterão até 2016 abaixo dos máximos registros atuais.

A procura de produtos agrícolas será estável e aumentará a taxas menores que na última década, entre eles a dos cereais, que continuam sendo a base da alimentação.

No entanto, afirmam que as dietas são cada vez mais ricas em proteínas, gorduras e açúcar em muitas partes do mundo, devido ao aumento na renda e na urbanização.

O relatório Perspectivas Agrícolas OCDE-FAO 2014-2023 indica que tais mudanças – junto com uma população mundial cada vez maior – exigirão uma expansão na produção da próxima década.

Lideradas pela Ásia e pela América Latina, as regiões em desenvolvimento serão responsáveis por mais de 75% da produção agrícola adicional nos próximos 10 anos.

Ao apresentar o documento, o secretário geral da OCDE, Ángel Gurría, afirmou que os mercados agrícolas estão recuperando condições mais estáveis depois de uma etapa de preços altos, o que não é comum.

Isto foi favorecido por reações protecionistas mais moderadas dos governos – explicou – ainda que mais deve ser feito no âmbito do comércio, da produtividade e no combate à pobreza.

Os governos devem dar proteção social aos mais vulneráveis e desenvolver ferramentas para ajudar os agricultores a administrar os riscos e investir na produtividade agrícola, afirmou.

O diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, destacou que os agricultores reagiram muito rapidamente aos altos preços e aumentaram sua produção, de forma que agora também há mais disponibilidade de alimentos.

A previsão – disse – é que os preços relacionados aos cereais diminuirão durante pelo menos os próximos dois anos, ainda que o panorama é diferente para a carne e o peixe, já que estamos enfrentando a uma demanda crescente.

O bom desempenho do setor agropecuário, em particular nos países em desenvolvimento, contribuirá à erradicação da fome e da pobreza, assegurou Da Silva.

Fonte: Prensa Latina