Rumo ao leste, UE assina acordos com Ucrânia, Geórgia e Moldávia

A União Europeia (UE) assinou acordos de associação com a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia, nesta sexta-feira (27), em Bruxelas, Bélgica. Apesar das amplas críticas às políticas europeias, sobretudo em tempos de crise profunda, respondida com arrocho e empobrecimento, o presidente do Conselho Europeu, Herman Von Rompuy, referiu-se ao momento da assinatura como "uma data de importante significado para a Europa" e disse que os três países, "a partir de hoje, terão maior apoio da UE."

União Europeia - União Europeia / Vídeo

Em comunicado divulgado pelo portal da UE, José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia (órgão executivo do bloco), disse que os três países, ao assinarem o acordo de associação, reconheciam “o progresso significativo feito nos anos recentes” e demonstravam a “firme determinação política para aproximarem-se da União Europeia”.

Barroso ainda indicou que os três líderes do Leste europeu compartilham com a UE a visão de “um modelo econômico próspero” e de “valores europeus”. Os acordos, continua o presidente, “são o resultado lógico e natural em um caminho iniciado há mais de 20 anos, quando estes países tornaram-se Estados independentes e soberanos,” um ponto crucial na “política de Parceria Europeia que estabeleceu o objetivo de alcançar a associação política e integração econômica”.

Para diversos críticos a um processo impositivo, principalmente no âmbito econômico, trata-se de novos moldes narrativos para o imperialismo europeu, exercido principalmente pela Alemanha, mas também pela França e pelo Reino Unido, através de um bloco composto atualmente por 28 membros. Além disso, as palavras de Barroso podem ser consideradas indicações à Rússia, que o grupo europeu ocidental acusa de tentar dominar o leste.

Em contexto de crise financeira, econômica e ainda política e social, o posicionamento tecnocrático da liderança e a imposição de políticas de arrocho pelos credores da troika Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, revelam um quadro mental sobre a “integração” que resultou no empobrecimento generalizado dos trabalhadores europeus, enquanto o enriquecimento rompante das elites também é verificado.

Os resgates bilionários direcionados sobretudo ao setor privado em países como a Espanha, Portugal, Itália e Grécia são justificados com o pretexto do incentivo ao investimento e o aumento dos postos de trabalho, mas o desemprego ainda é estimado em taxas recorde, principalmente entre os jovens, enquanto a erosão do Estado de bem-estar social é a consequência mais visível do arrocho baseado nos cortes orçamentários no setor social.

No âmbito político, a extensão da União Europeia para o Leste europeu também é percebida por críticos como um avanço de cerco com mira na Rússia. No final do ano passado, por exemplo, a recusa do governo ucraniano de Viktor Yanukovich em assinar um acordo de livre comércio com a UE e avançar para a eventual adesão da Ucrânia ao bloco é analisada como o estopim para as manifestações logo cooptadas neste sentido.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, na Ucrânia, caminha durante protestos
com um dos líderes da oposição de direita, Arseny Yatsenyuk, do Partido da Pátria, que incitou
manifestações contínuas e violentas contra o governo no fim de 2013.
(Foto: Vostock-Media/Reuters)

Yanukovich acabou removido do poder por um golpe apoiado pelas potências europeias e pelos EUA em fevereiro deste ano, enquanto também analisava a assinatura de um importante acordo aduaneiro com a Rússia e a Bielorrússia.

As recentes eleições para o Parlamento Europeu, embora tenham significado importantes vitórias para a esquerda em países específicos, revelaram um quadro dividido em que a extrema-direita, inclusive de influências fascistas e neonazistas, também galgou espaço preocupante em países como a própria Alemanha e a França.

Por isso, além das políticas da direita e de conservadores entranhados na arquitetura europeia, em que o empobrecimento popular é consequência das políticas à medida da elite financeira, a volta do fascismo normalizado é de grave preocupação, enquanto a UE estende-se para o leste.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho