Secessionistas mantêm poder no Kosovo

O primeiro-ministro e ex-comandante da guerrilha kosovar UÇK venceu as eleições legislativas no território, que proclamou a independência da Sérvia, em 2008, ao arrepio das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Segundo dados oficiais, Hashim Thaci e o Partido Democrático do Kosovo (DKP) recolheram 31,21 por cento dos votos contra 26,13 por cento obtidos pela Liga Democrática do Kosovo. Em terceiro lugar ficou o Movimento de Autodeterminação, com 13,73 por cento, partido que defende a união com a Albânia, recusa qualquer diálogo com a Sérvia e a presença de forças internacionais no Kosovo.

As eleições realizadas domingo passado (8) foram antecipadas em cerca de seis meses devido à desagregação da coligação governamental e à consequente paralisia do executivo e do parlamento, com 120 deputados. Contribuíram para tal os escândalos de corrupção, a crise econômica e social – da qual a taxa de desemprego real superior a 50 por cento é um dos reflexos –, e as concessões às exigências servo-kosovares.

Os representantes da minoria sérvia bloquearam a criação de um exército, evidenciando que continuam a encarar o Kosovo como um protetorado, e obrigando o prolongamento da missão de segurança internacional. Impuseram, ainda, a formação de um tribunal especial para os crimes relacionados com o tráfico de órgãos de prisioneiros de guerra sérvios.

Thaci estabeleceu contato com as autoridades da Sérvia sob pressão da União Europeia, bloco imperialista à qual o Kosovo e a Sérvia pretendem aderir. Pela primeira vez, Belgrado instou os servo-kosovares a irem às urnas, mas o apelo não é pacífico entre os sérvios no Kosovo, que se dividiram entre o comparecimento e o boicote.

Os resultados eleitorais ditam a necessidade da reconstituição de alianças de poder entre os secessionistas e mostram uma taxa de abstenção em torno do 60 por cento, a qual seria ainda maior caso a comunidade sérvia não tivesse, de todo, atendido às assembleias de voto.

Jornal “Avante!”