Palestinos saúdam apoio do PCdoB e denunciam violações de Israel

Nesta segunda-feira (9), o PCdoB recebeu o capitão da seleção palestina de futebol e outros membros da delegação que veio ao Brasil pedir a impugnação de Israel à Fifa, pela violência sistemática contra os futebolistas palestinos. O secretário de Relações Internacionais Ricardo Alemão Abreu reafirmou a solidariedade do PCdoB ao povo palestino na reunião em que também estiveram o secretário de Comunicação, José Reinaldo Carvalho, e representantes da CTB, UJS e do Comitê pelo Estado da Palestina.

A Federação Palestina de Futebol está no Brasil para exigir, durante o Congresso da Fifa, em São Paulo, a impugnação de Israel pela violação dos direitos humanos, pelos crimes da ocupação e pela violência direta e sistemática contra os jogadores palestinos, com denúncias concretas que demonstram a brutalidade e a objetividade das violações.

Alemão, o secretário Nacional de Comunicação, José Reinaldo Carvalho, a secretária Nacional da Mulher, Liège Rocha, o vice-presidente da CTB, deputado estadual Nivaldo Santana, e o representante do Comitê pelo Estado da Palestina (CEP), Lejeune Mirhan, expressaram o apoio garantido à causa palestina na luta pela autodeterminação, pela responsabilização do governo israelense e contra a ocupação expansiva dos territórios e das vidas do povo palestino.

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“Para o PCdoB é muito importante essa amizade histórica com os palestinos e com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP),” diz Alemão. “Este é um momento de celebração dos povos, na Copa do Mundo, e também é um momento de solidariedade. Quando soubemos, pelo CEP, da realidade do futebol palestino, das barbaridades e atrocidades do Exército israelense contra os jogadores, nos sensibilizamos e nos preparamos, mobilizando os movimentos sociais pela solidariedade e para receber da melhor forma possível a delegação palestina.”

“O futebol é mais do que um esporte, é um instrumento de promoção da solidariedade e amizade bastante potente. Por isso, achamos que isso é um grande mote para trabalhar de forma popular, ampla e de massas, no Brasil, a questão da solidariedade ao povo palestino,” afirma Alemão, a partir das denúncias feitas pela delegação palestina.

O ministro-conselheiro Salah M. Elqataa, da Embaixada do Estado da Palestina no Brasil,  saudou o PCdoB pelo apoio histórico ao povo palestino, expressou a importância da solidariedade comunista à sua causa e enfatizou o momento histórico vivido pela Palestina, com o crescente apoio internacional à autodeterminação e com a reconciliação nacional enquanto passo determinante para o fortalecimento do povo palestino. Os sete anos de divisão política entre os governos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza chegaram ao fim com a promessa de reunificação e maior impulso à causa nacional.

Ainda assim, Elqataa denunciou o apartheid, o regime de segregação imposto por Israel aos palestinos, pedindo o reforço e reafirmação da cooperação e da solidariedade mútua entre os palestinos e o PCdoB. O ministro elogiou Kettlun como um “grande militante da causa palestina” e saudou a recente vitória da seleção palestina contra as Filipinas, o que resultou na sua classificação para a Copa Asiática. “Eles fizeram milagres, mesmo com tudo o que enfrentam na Palestina. Trouxeram uma grande alegria para todo o povo palestino.”

Israel tenta inviabilizar o futebol palestino

Roberto Kettlun, o capitão da seleção palestina, ressaltou os ataques diretos contra os esportistas, com o uso de munições que ferem gravemente, com as detenções arbitrárias, a obstrução deliberada e a imposição de obstáculos diretos aos jogadores, impedindo-os de participar dos eventos esportivos, de treinar ou de se representarem normalmente. Mas a delegação também ressalta o impacto geral da ocupação e ressalta questões centrais na causa palestina, como a condição dos prisioneiros atualmente em greve de fome, em protesto pelas condições da sua detenção.

“Estamos rodeados pelas fronteiras israelenses e, também, dentro da Palestina, por seus postos de controle militar. Quando precisamos passar, ficamos sujeitos à aprovação dos soldados israelenses, ainda dentro do território palestino. Como futebolistas, precisamos nos mover livremente dentro e fora do território, quando vamos competir. Mas isso não é possível e muitas vezes somos impedidos, atrasados ou incompletos, já que deixam sair apenas alguns jogadores. Um membro da Federação, por exemplo, que é de Gaza, foi impedido de sair para vir ao Brasil,” conta Kettlun. “Isso influi diretamente na imagem no time palestino, que acaba sendo apresentado como incapaz.” Além disso, agressões contra os jogadores e suas detenções “administrativas” e os ataques contra os campos palestinos, destruindo estruturas esportiva, são também pontos principais das violações israelenses.

Kettlun explicou que a delegação visita o Brasil para fazer essas denúncias à Fifa, cujo Congresso acontece nesta terça (10) e quarta-feira (11), em São Paulo, e para pedir a suspensão da Federação de Futebol de Israel pelas violações sistemáticas. Na reunião, disse ser “uma honra ser recebido pelo PCdoB, por todo o significado trazido pelo apoio de um partido comunista e por um comitê pelos direitos dos palestinos.”

O caso dos palestinos tem sido avaliado pela Fifa, afirma Kettlun, devido aos efeitos da ocupação sobre o esporte na Palestina. “Temos tentado fazer a nossa posição ser mais ouvida, mas tem sido muito difícil devido ao lobby israelense. Com trabalho, união e muita determinação, eu acho que estamos fazendo avanços importantes. Neste congresso, esperamos ter novidades definitivas para podermos praticar o futebol com normalidade, dentro da Palestina, usando este como primeiro passo para os futebolistas e para todo o povo palestino.”

Faisal Malak, membro do Comitê da América Latina do Fatah, partido atualmente na Presidência palestina, reiterou a urgência de maior apoio à luta nacional e reforçou o convite já feito à juventude comunista – na reunião representada por Renan Alencar, novo presidente da União da Juventude Socialista (UJS) – para visitar a Palestina.

Já Ali El-Khatib, representante do Instituto Jerusalém no Brasil, lembrou os primórdios da mobilização brasileira em solidariedade ao povo palestino, com ênfase para o apoio garantido pelo líder histórico do PCdoB, João Amazonas, e através do movimento Sanaúd (“Voltaremos”, em árabe, em referência à promessa dos refugiados palestinos), que também estava representado na reunião por Nidal Kamal, de Brasília, e Jihad Abu Ali, da sociedade palestina e do PCdoB de Foz do Iguaçu (PR).

“A situação política na Palestina é muito delicada e difícil, especialmente para os nossos presos palestinos em cárceres israelenses, que protestam pelas violações, em específico sobre as detenções administrativas, garantidas por uma lei de Israel que rompe com o Direito Internacional,” explicou o diplomata Elqataa. “Sabemos que Israel aposta no direito à força, mas nós apostamos na força do direito.”

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho