PC português reafirma a censura ao governo e à política de direita
O Partido Comunista Português (PCP) reafirmou, nos últimos dias, a urgência de derrotar o Governo e a política de direita e empreender a construção de uma política alternativa patriótica e de esquerda. Através de uma moção de censura e de múltiplas ações de rua, o PCP deu expressão ao inequívoco repúdio popular pela política das troikas que o resultado eleitoral do passado dia 25 constituiu.
Publicado 06/06/2014 16:09

Poucos dias após a realização das eleições para o Parlamento Europeu – que resultaram numa pesadíssima derrota dos partidos do Governo, na redução da expressão eleitoral dos três partidos que subscreveram o pacto de agressão (PS, PSD e CDS) e no reforço da Coligação Democrática Unitária (CDU) em votos, percentagem e deputados –, o PCP desdobrou-se em iniciativas para exigir a demissão do Governo e a realização de eleições antecipadas.
Não constituindo um fim em si mesmo, estas exigências representam dois primeiros e essenciais passos para pôr fim à política de direita e tornar possível a política patriótica e de esquerda de que o país e o povo precisam.
Leia também:
PC português exige demissão do governo e eleições antecipadas
Coalizão de esquerda CDU tem resultado expressivo em Portugal
Parlamento Europeu: Comunistas portugueses instam o povo às eleições
A ação política do PCP visando a demissão do Governo e a devolução da palavra ao povo através de eleições legislativas antecipadas teve expressão institucional e de massas, respectivamente através da moção de censura que esteve em debate na sexta passada (30/5) e da realização de diversas iniciativas públicas em todo o país. Acompanhando esta intensa atividade estiveram os novos cartazes do Partido, onde se pode ler "A Força do Povo por um Portugal com Futuro".
No que à ação de massas diz respeito, o PCP promoveu na quinta-feira (29), uma nova marcha pelo centro de Lisboa que, como as anteriores, mais parecia uma manifestação, tamanha foi a participação de militantes e simpatizantes e a força que dela emanou. No dia seguinte, data da discussão e votação da moção de censura, foi distribuído em todo o país um folheto explicitando as razões que presidiram a esta iniciativa legislativa e os eixos centrais da política patriótica e de esquerda.
No sábado (31/5) e no domingo (1º/6), em dois comícios realizados respectivamente em Oeiras e Almada, o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reafirmou a necessidade de pôr fim à política de direita e ao Governo que no presente a concretiza e de construir uma política alternativa capaz de recolocar Portugal nos caminhos de progresso, justiça social e soberania que a Revolução de Abril mostrou ser possível.
Nas mãos de todos e de cada um
Rejeitando o desastre econômico e social provocado por mais de 37 anos de política de direita e, nos últimos três, pela política das troikas nacional e estrangeira, o PCP propõe uma política alternativa, patriótica e de esquerda. Esta, em síntese, tem como objetivos centrais libertar Portugal da dependência e da submissão, recuperar para o país o que é do país e devolver aos trabalhadores e ao povo os seus direitos, salários e rendimentos.
A política alternativa que o PCP propõe baseia-se em seis opções fundamentais indispensáveis:
– a rejeição de imposições externas e a renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento rejeitando a sua parte ilegítima, com a assunção imediata de uma moratória negociada ou unilateral e com redução do serviço da dívida para um nível compatível com o crescimento econômico e a melhoria das condições de vida;
– a defesa, diversificação e aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do setor financeiro e de outras empresas e setores estratégicos indispensáveis ao apoio à economia, o aumento do investimento público e o fomento da procura interna;
– a valorização efetiva dos salários e pensões e o explícito compromisso de reposição de salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais;
– a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo, à despesa suntuosa, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas, garantindo as verbas necessárias ao funcionamento eficaz do Estado e do investimento público;
– uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular nas funções sociais do Estado (saúde, educação e segurança social), reforçando os seus meios humanos e materiais, como elemento essencial à concretização dos direitos do povo e ao desenvolvimento do país;
– a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais nas relações com a União Europeia, diversificando as relações econômicas e financeiras e adotando as medidas que preparem o País face a uma saída do euro, seja por decisão do povo português, seja por desenvolvimentos da crise da União Europeia.
Esta proposta de política alternativa, que tem vindo a fazer o seu caminho nos últimos meses – particularmente na campanha eleitoral para o Parlamento Europeu –, não surgirá por si mesma nem terá apenas uma expressão institucional. Como foi definido no 19º Congresso do PCP, e a vida tem vindo a confirmar, ela resultará do desenvolvimento e intensificação da luta dos trabalhadores e do povo, da convergência dos democratas e patriotas e do reforço do PCP e dos seus aliados. A construção de um Portugal com futuro está, pois, nas mãos de todos e de cada um.
Fonte: Jornal Avante!