Ex-autocrata da Geórgia é conselheiro do novo regime de Kiev

O ex-presidente da Geórgia, Mikhail Sakashvili, é um dos principais conselheiros do novo presidente do regime ucraniano, Piotr Poroshenko, confirmando-se a proximidade deste em relação aos meios políticos e decisórios de Washington apesar de, aparentemente, não pertencer inicialmente às estruturas golpistas de Kiev.

Por Castro Gomez, de Donetsk para o Jornalistas sem Fronteiras

Geórgia Otan - Otan / Divulgação

Sakashvili, que governou a Geórgia dentro de um sistema autocrático e autoritário, sustentado pelos Estados Unidos da América e orientado no sentido da Otan e da União Europeia – características do regime estabelecido em Kiev – desenvolveu toda a sua vida profissional e acadêmica nos Estados Unidos, país a que regressou depois de “cumprida a comissão de serviço em Tblissi”, como se diz em meios políticos georgianos a propósito do seu desempenho presidencial, nascido de uma das conhecidas "revoluções coloridas".

O ex-presidente georgiano leciona agora na Faculdade de Direito e Diplomacia de Fletcher, na Universidade de Tufts, Estados Unidos da América.

“Se Poroshenko tem entre os seus conselheiros e contatos Mikhail Sakahsvili, isso significa que está umbilicalmente ligado à estratégia dos Estados Unidos da América e da Otan para a Ucrânia”, considera Vladimir Alyuchenko, jornalista e editor em Kiev.

“É importante recordar”, acrescentou, “que Sakashvili é claramente um homem dos americanos para desestabilizar a Rússia e daí o seu papel fulcral ao desencadear a guerra na Ossétia do Sul e na Abkhazia em Agosto de 2008 , aproveitando-se covardemente do momento da abertura solene dos Jogos Olímpicos de Pequim”.

Alyuchenko sublinhou o fato “que não é irrelevante em relação ao comportamento do indivíduo e do político", de o então presidente georgiano “nem sequer ter respeitado a tradição da ‘trégua olímpica’, que vem da Antiguidade Clássica”.

Em círculos políticos georgianos considera-se que o ex-presidente está, na prática, “refugiado nos Estados Unidos”. O procurador geral de Tblissi convocou várias vezes Sakashvili para se apresentar no país para responder sobre atuações criminosas durante os mandatos presidenciais, mas até ao momento não teve êxito nas diligências.

Fonte: Jornalistas sem Fronteiras