G7 discute crise na Ucrânia e Rússia reage à política agressiva

Classificado como grupo das “economias avançadas”, o G7 reuniu-se em Bruxelas nesta quarta-feira (4) para discutir a crise na Ucrânia e outros pontos no que chama de uma agenda de “segurança”. Previsivelmente, o G7 voltou a acusar o governo russo de apoiar a “insurreição” ucraniana, mas o presidente Vladmir Putin e o premiê Dmitry Medvedev reagiram, nesta quinta (5), criticando o apoio do G7 à operação militar do governo ucraniano contra os civis do leste e a política agressiva dos EUA.

Obama Polônia - Reuters / Jacek Marczewski

Os líderes do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão, Canadá, Alemanha e Itália), que decidiram pela suspensão da Rússia do então G8, devido à crise na Ucrânia, emitiram uma declaração contra o que denominaram de “processo de desestabilização” no país do Leste europeu, alegadamente impulsionado pelo governo russo.

Além disso, decidiram manifestar disposição em incrementar as sanções já impostas contra autoridades e empresas-chave na Rússia acusadas pelas potências de instigar as tensões no leste da Ucrânia, onde os civis recusam-se a reconhecer a legitimidade de um golpe de Estado que derrubou o governo em fevereiro e exigem a federalização, a autonomia ou ainda a independência e a integração ao território russo.

Desde o referendo na península da Crimeia, que aprovou a declaração de independência e a reintegração à Rússia – país de onde foi separada em 1954 – o governo interino e golpista da Ucrânia, sustentado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, acusa o governo russo de ingerência e de “anexar” o território ilegalmente.

Em reunião no Conselho de Ministros, Medvedev sublinhou a entrada de refugiados na Rússia, a partir das regiões de fronteira com a Ucrânia, uma vez que a violência no leste do país, proveniente da operação militar do governo interino contra os civis – classificada de “antiterrorista”, com bombardeios, tanques e artilharia pesada – e dos ataques de grupos fascistas e neonazistas ignorados pela mídia e as potências ocidentais. “Depois disso, o suposto G7 fala de ações moderadas do Exército ucraniano contra o seu próprio povo. É um cinismo sem limites”, disse o primeiro-ministro, citado pela mídia russa.

A cúpula do G7 também é assistida pelos presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. O presidente dos EUA Barack Obama chegou à região na terça-feira (3), onde se reuniu com líderes do Leste europeu, a começar pela Polônia, onde prometeu mais gasto militar, mais tropas e mais treinamento às forças armadas nos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Obama também prometeu mais assistência financeira ao presidente eleito da Ucrânia, o magnata Petro Poroshenko, votado em eleições ilegítimas, realizadas em 25 de maio em meio à violência intensificada no leste e no sudeste e organizada por um aparato não reconhecido pelos cidadãos daquelas regiões.

Depois de anunciar que vai pedir US$ 1 bilhão ao Congresso estadunidense para reforçar a presença militar no leste da Europa, Obama pressiona os líderes europeus a manterem pressão sobre Moscou. Neste sentido, importantes tópicos na agenda da reunião foram a “segurança energética” – recurso do qual a Rússia é a grande provedora – e a “redução da dependência ucraniana” com relação à potência vizinha.

Política agressiva dos EUA em detrimento da diplomacia

O presidente russo Vladmir Putin respondeu a questões tendenciosas da mídia francesa às vésperas do seu encontro com os líderes ocidentais na comemoração de 70 anos, nesta sexta-feira (6), do Dia D – quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia para combater as tropas da Alemanha Nazista que ocupavam a França, em 1944.

Putin reagiu às acusações dos EUA de que a Rússia mantém tropas no leste ucraniano, questionando a falta de provas apresentadas. “Todo o mundo lembra do secretário de Estado dos EUA [Collin Powell] demonstrando a evidência das armas de destruição em massa (…) no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse o presidente, ressalvando que as alegações estadunidenses mais uma vez não foram comprovadas.

“Depois do golpe inconstitucional em Kiev, em fevereiro, a primeira coisa que as novas autoridades tentaram fazer foi impedir as minorias étnicas de exercerem seu direito a usar sua língua nativa. Isso causou grande preocupação entre as pessoas que vivem no leste da Ucrânia”, que são majoritariamente descendentes de russos. “Eu não os chamaria de pró-Rússia ou pró-Ucrânia. São pessoas que têm certos direitos, políticos e humanitários, e precisam ter a chance de exercer esses direitos”, enfatizou Putin.

Já sobre a posição dos Estados Unidos, está claro, para o presidente russo, que o país “está empregando a política mais agressiva e dura para defender seus próprios interesses – ao menos, é assim que os líderes americanos veem as coisas – e eles fazem isso persistentemente”.

“Praticamente não há tropas russas no exterior, enquanto as tropas dos EUA estão por toda parte. Há bases militares em todas as partes em todo o mundo, e eles estão sempre envolvidos nos destinos de outros países, ainda que eles estejam a milhares de quilômetros de distância das fronteiras dos EUA”, afirma Putin.

“O orçamento de Defesa dos Estados Unidos (…) é maior do que os orçamentos militares de todos os países do mundo somados (…). Então, quem é que está investindo em uma política agressiva?”, indagou o presidente russo, que voltou a pontuar a sua disposição para o diálogo, contra a confrontação.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias