Falta de perspectiva expulsa milhares de jovens de Curuguaty

Nos últimos 10 anos, a acumulação de terras e a falta do apoio estatal expulsaram milhares de jovens paraguaios de suas casas. Esses jovens, da cidade de Curuguaty, estão sem lugar para viver e cultivar

Curuguaty - Oxfam

Mais de 2 mil hectares de terras públicas, que deveriam estar em posse desses jovens, hoje estão nas mãos de grandes empresas que produzem soja. Este é um produto que gera lucros exorbitantes, exportado para países como a China, destinado à fabricação de biocombustíveis, ração para animais, além do consumo humano.

Devido a essa situação, a Oxfam, uma confederação de 13 organizações que atua em mais de 100 países na busca de soluções para o problema da pobreza e da injustiça, as comunidades afetadas e a Articulação Curuguaty, formada por mais 40 organizações civis paraguaias, lançaram uma campanha para que os jovens e as famílias camponesas da região, que ficaram sem terra, possam ter um lugar para viverem e produzirem seus alimentos. Eles estão pedindo ao presidente do país, Horácio Cartes, que resolva o caso e se comprometa com a juventude paraguaia.

O conflito

O problema envolve a empresa que detém as terras; as famílias camponesas sem terra; uma área de terras públicas, que os camponeses reivindicam para poderem viver e trabalhar; e uma desapropriação forçada e violenta, que resultou na morte de 17 pessoas, em outubro de 2012, no assentamento Marina Kue.

O conflito ocorre em Curuguaty, um pequeno município na região leste do Paraguai, Departamento de Canindeyú, próxima à fronteira com o Brasil. É uma zona onde os camponeses estão perdendo suas terras de forma muito rápida devido à expansão do cultivo de soja. Cultivo este que está livre de impostos e rende grandes lucros aos donos das plantações. Tudo isso em detrimento da situação crítica em que estão vivendo os camponeses.

"Valorizamos a terra porque ela é como nossa mãe, para quem não compreende isso é ela quem nos dá a vida e que nos alimenta. Muitos jovens não têm terras, iguais a nós, mas não pensam em como terem seu pedaço de terra, preferem ir viver nas grandes cidades.”, relatou Rodolfo Castro, jovem membro camponês de Curuguaty.

Fonte: Adital