UJS debate a crise do capitalismo e os governos progressistas da AL

Aconteceu nesta sexta-feira (23), no 17º Congresso da UJS, o debate "Capitalismo em crise e a América Latina como polo de resistência". A atividade foi cooordenada pelo secretário executivo da Oclae, Matheus Fiorentini, e contou com a participação da presidenta da Cebrapaz, Socorro Gomes, do jornalista e blogueiro Rodrigo Vianna e do militante da Juventude Comunista Colombinana (Juco), William Monsalve.

17 Congresso da UJS - américa latina - Eder Bruno/UJS

Matheus abriu o debate com uma breve análise de conjuntura abordandno os avanços do socialismo no continente, que segundo ele começam com a eleição de Chávez, na Venezuela, em 1998. "Se hoje discutimos sobre os avanços progressistas na América Latina, temos que lembrar que antes do início do ciclo atual falávamos sobre a luta contra a Alca", afirma. "Constituímos um continente soberano que constrói seu próprio destino", construimos.

"Ou o Brasil avança na questão da democratização dos meios de comunicação ou seremos derrotados"

O jornalista, blogueiro e membro do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Rodrigo Vianna apontou dois marcos na América Latina que iniciaram esse período progressista e contribuíram no desmonte da Alca, que segundo ele era "um projeto de recolonização da América Latina". Um dos marcos apontados por Rodrigo seria a eleição de Chávez em 1998, em resposta a complicada situação economica que vivia a Venezuela e o outro, em 2005, seria a Cúpula das Américas, na Argentina, com "participação fundamental do Brasil".

Rodrigo ponderou que apesar dos visíveis avanços "nenhum desses governos progressistas alterou estruturalmente a economia de seus países e esses são impasses que precisamos superar".

Segundo ele a mídia internacional e as mídias nacionais, dominadas pelas elites locais, são grandes inimigas dos projetos progressistas em curso. Para ele ou o "Brasil avança na questão da democratização dos meios de comunicação, como fez a Argentina, ou seremos derrotados em algum momento".

Pontos decisivos que acontecem, ou já estão ocorrendo, esse ano serão decisivos para o destino do continente para Vianna. São eles: a luta pela manutenção do projeto Bolivariano na Venezuela, apesar das constantes tentativas de desestabilização que tem sofrido; e as eleições de Brasil e Colômbia. Sobre a situação colombiana ele acredita que uma possível vitória nas urnas do candidato apoiado por Uribe interromperia o processo de paz que o país negocia com as Farc e a Colômbia se afastaria ainda mais do bloco progressista do continente.

"O que nos garante avanços é a unidade de luta"

Para Socorro Gomes, presidenta da Cebrapaz, a ingerência dos EUA nas questões internas do nosso continente não vem de hoje, segundo ela "todos os golpes perpetrados no continente tem as digitais dos norte-americanos", citando desde o não reconhecimento da independência do Haiti (1791) até as atuais tentativas de desestabilização da Venezuela, passando pelos golpes militares nos anos 60 e 70 do século 20em boa parte da América Latina.

Segundo ela "ainda que os EUA tenha sofrido derrotas com a conquista das democracias no continente, que existem nos moldes burgueses, prepararam um novo ataque econômico com a Alca, mas a América Latina reagiu com lutas e isso culminou com a vitória de Chávez e outros governos progressistas na região". Para ela, esses governos se inspiram em Bolivar e José Martí ao lutar por uma América latina soberana.

"Com inspiração nesses líderes os países da região passam então a buscar o aprofundamento da integração no continente. E organismos como Alba, Celac e Unasul marcam uma nova derrota nos planos imperialistas dos norte-americanos", colocou Socorro Gomes.

Ela acredita que os EUA continuarão apostando em chantagens econômicas e golpes, como fizeram com Manuel Zelaya, em Honduras, que se aproximou da Alba e com Fernando Lugo, no Paraguai, por ter lutado pela autonomia de seu país e "ter sido contrário a instalação de bases norte-americanas no norte do território paraguaio".

Gomes apontou que o objetivo dos EUA é saquear nossos mercados e nossas reservas naturais. Como exemplo de nossas reservais naturais, Socorro citou o Aquífero Guarani, que abrange quatro países, entre eles o Brasil, e a região das Malvinas. Ainda sobre a ilha argentina, invadida pelos britânicos, ela afirma que "não podemos conviver com o colonialismo no século 21". Encerru sau fala afirmando que "para construir o socialismo em nosso continente temos que travar essa batalha juntos, o que nos garante avanços é a unidade de luta".

"Ser jovem é quase um crime em meus país"

O representante da Juventude Comunista Colombiana (Juco), William Monsalve iniciou sua participação parabenizando os militantes da UJS pelo tamanho e pela representatividade do Congresso. Em sua rápida fala ele afirmou que "o capitalismo deve morrer e que isso só correrá com muita luta". Reforçou também a questão da integração, defendida também pelos outros debatedores, colocando que em um momento de crise do capitalismo, "onde os países mais ricos da Europa devoram os menores", a América Latina deve responder com unidade e avanço socialista.

O jovem colombiano colocou que os EUA consomem 45% da gasolina do mundo e 26% do gás natural e que nesse ritmo o país norte-americano, se dependessem de seus próprios recursos, acabariam com suas reservas naturais em apenas 4 anos. Por esse motivo, segundo William, os EUA invadem países e promovem guerras ao redor do planeta, pois a "base de sustentação de sua economia e de seu consumo são os recursos energéticos".

Sobre o conflito entre o estado colombiano e as Farc ele afirma que a situação resulta da violência política do estado de seu país contra campesinos, indígenas e estudantes. E assim como Rodrigo Vianna, aponta a derrota do candidato de Uribe como um ponto importante no processo de busca da paz em seu país.

William aponta a semelhança entre a importância da luta pela desmilitarização da polícia no Brasil e na Colômbia, segundo ele, "ser jovem é quase um crime em meu país, temos como política assassinar jovens que lutam por questões como uma educação de qualidade”.

Para encerrar, o representante da Juco afirma apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff que para ele é essencial para a continuidade do processo de avanço do socialismo não só no Brasil, como em toda a América Latina.

Por Thiago Cassis, da UJS