Parlasul debaterá questão das Ilhas Malvinas

O Parlamento do Mercosul (Parlasul) realizará uma sessão especial em Ushuaia, no sul da Argentina, para debater a situação das ilhas Malvinas. A proposta, feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), foi prontamente aceita por parlamentares argentinos que participaram, nesta quinta-feira (22), de encontro com senadores brasileiros na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Cristovam Buarque disse que a luta pela recuperação das ilhas não é só da Argentina, “mas de todos nós”. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou a “posição firme” de seu partido de apoio à Argentina. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também manifestou a sua solidariedade ao país vizinho.

Em sua última sessão, em Montevidéu, o Parlasul já havia decidido promover o debate sobre o pleito argentino de recuperar a soberania sobre as Malvinas, até hoje ocupadas pela Inglaterra. Segundo haviam concordado os integrantes do órgão legislativo do Mercosul, a sessão ocorreria em Buenos Aires, ainda sem data marcada. Cristovam, no entanto, opinou que seria melhor promover o encontro em uma cidade mais próxima das ilhas.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados da Argentina, Guillermo Carmona, concordou com a sugestão e indicou Ushuaia, que vem a ser a capital da província da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul – ou seja, a capital da província que incluirá as Malvinas, caso as ilhas voltem a fazer parte da Argentina.

“A proposta do senador é absolutamente pertinente e ajustada à preocupação regional que tem a ver com a preservação do Atlântico Sul como zona de paz. A decisão do Parlasul de realizar sessão para abordar a questão das Malvinas foi apoiada por todas as delegações e se soma a outra decisão, de criar na Comissão de Assuntos Internacionais uma subcomissão para abordar a questão das ilhas Malvina”, disse Carmona.

Apoio incondicional

Durante a reunião, o embaixador Daniel Filmus, secretário de Assuntos Relativos às Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul, do Ministério da Relações Exteriores da Argentina, agradeceu o “apoio incondicional” do Brasil na luta de seu país por reconquistar a soberania sobre as ilhas. Ele criticou a manutenção do domínio britânico sobre terras tão distantes do Reino Unido.

“É difícil pensar que em 2014, em pleno século 21, ainda haja uma parte da América do Sul que depende de uma potência colonial, a 14 mil quilômetros de distância. A América do Sul não vai ser totalmente independente até que as Malvinas voltem a ser da Argentina”, afirmou Filmus.

Segundo o embaixador, está nas Malvinas a base militar mais importante do Atlântico Sul. A seu ver, a presença militar britânica está ligada à defesa de interesses econômicos na região, rica em recursos naturais, como pescado e petróleo. Ele ressaltou ainda que a região das ilhas é estratégica para o corredor bioceânico entre o Atlântico e o Pacífico. E observou que seu governo pede apenas que se cumpram resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), que determinam a retomada do diálogo sobre o tema entre Londres e Buenos Aires.

Fonte: Agência Senado