Senadores elogiam precisão das informações de Gabrielli na CPI 

Na primeira audiência da CPI que investiga denúncias de corrupção e irregularidades na Petrobras, nesta terça-feira (20), foi ouvido o ex-presidente da companhia Sérgio Gabrielli. Foram quase três horas de reunião e quase duzentas perguntas feitas por senadores aliados ao governo, visto que nenhum oposicionista compareceu. Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), membro da comissão, “isso aqui é um pente fino. E, de fato, não ficou nada sem resposta”.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) destacou que “o dr. Gabrielli respondeu a algo em torno de 200 perguntas ao longo de três horas e quinze, três horas e vinte, mostrando efetivo conhecimento acerca da empresa. Ele, engenheiro laureado pela Universidade de Boston, que conhece profundamente o mercado dos hidrocarbonetos no Brasil”, ao agradecer a presença do executivo.

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O senador Anibal Diniz (PT-AC) também agradeceu os esclarecimentos dados por Gabrielli, destacando a “precisão das informações” e lamentou que “os líderes do PSDB, proponentes da Comissão Parlamentar de Inquérito, tenham se negado a fazer parte desta comissão e não se tenham feito presentes a esta audiência, o que foi muito prejudicial ao andamento dos trabalhos”.

Bom negócio

O ex-presidente da Petrobras afirmou que a empresa fez um bom negócio ao adquirir a refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006. E isentou a presidenta Dilma Rousseff, então presidenta do Conselho de Administração da estatal, de qualquer responsabilidade individual pelo fechamento do contrato.

De acordo com Gabrielli, a decisão pela compra da refinaria no Texas foi tomada em conjunto pelos membros do Conselho de Administração, em atendimento à estratégia da empresa à época de buscar refino no exterior.

O ex-presidente da estatal informou que Pasadena custou US$ 1,24 bilhão. Do montante, US$ 554 milhões foram pagos pela refinaria, cuja capacidade de processamento é de 100 mil barris diários. Segundo Gabrielli, a Petrobras decidiu pelo negócio por causa da boa localização da refinaria, na entrada do Golfo do México, e a interligação com as redes de gasoduto e oleoduto. O preço também seria atraente.

Gabrielli admitiu que em 2008 – dois anos após o negócio – a crise financeira mundial e a descoberta de novas jazidas de petróleo nos Estados Unidos reverteram as vantagens financeiras da compra e houve dificuldades até 2012. Ele afirmou, porém, que a situação mudou novamente no ano passado.

“A partir de 2013, ela volta a ser um bom negócio. Em 2014 ela é uma empresa lucrativa. Por quê? Porque tem petróleo disponível no Texas a preço barato, leve e que pode ser processado em Pasadena. Pasadena pode, portanto, vender derivados no mercado americano com margem em torno de US$30 a US$40 por barril.”

O ex-presidente da Petrobras afirmou ainda que as cláusulas do contrato entre a Petrobras e a Astra Oil para a aquisição de Pasadena foram adequadas e de acordo com o perfil de negócios de grande porte.

Campanha contra a Petrobras

Gabrielli também chamou atenção para o que considera uma campanha para prejudicar a Petrobras. Segundo ele, há especuladores e também políticos brasileiros interessados em diminuir o poder da empresa, especialmente após a descoberta do pré-sal.

“Já existem vazamentos do WikiLeaks que mostram conversas entre políticos brasileiros e diplomatas americanos colocando de forma clara que a prioridade é desmontar a lei que garante a Petrobras como operadora única do pré-sal brasileiro. São vazamentos, não sei se verdadeiros ou não, mas que mostram conversas entre certos políticos brasileiros e embaixadores e diplomatas americanos”, disse.

Na saída do depoimento, Gabrielli acusou especificamente a oposição de querer destruir a Petrobras. Ele disse que, se for preciso, comparecerá também à CPI mista da Petrobras, que pode iniciar os trabalhos nesta semana, mas não sabe o que terá a acrescentar.

Da Redação em Brasília
Com agências