PCdoB entra com ação contra atitude da Mesa Diretora da Câmara 

A Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (21) entrar com uma representação junto à Mesa Diretora contra a agressão sofrida pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), após a suspensão abrupta da sessão solene em homenagem aos 90 anos da Coluna Prestes, realizada na manhã de terça-feira (20).  

PCdoB entra com ação contra atitude da Mesa Diretora da Câmara - Richard Silva

Com a medida, a Liderança pretende defender as prerrogativas do exercício parlamentar, questionar o papel da Mesa na condução dos trabalhos e exigir providências que punam as ações arbitrárias.

Parlamentares, estudantes e convidados testemunharam episódio inédito na Câmara dos Deputados, durante a sessão solene, quando o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que discursava, foi interrompido de forma desrespeitosa pelo presidente da Câmara em exercício, deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE), para dar início à sessão ordinária.

Após o incidente, novo ato causou estranheza aos parlamentares, quando o secretário-geral da Mesa, Mozart Vianna, agrediu verbalmente a deputada Alice Portugal, enquanto ela fazia discurso de repúdio ao ato anterior.

“Na sessão ordinária, eu estava inscrita, usando a palavra para protestar, quando o secretário-geral da Mesa se achou na superioridade regimental de me interpelar com gestos intempestivos, violentos, e, que duas vezes, levou a segurança da Casa a contê-lo. Recebemos um pedido de desculpas leve pelo presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), mas é importante que isto nunca mais aconteça”, contou a deputada Alice Portugal.

Cunho político

Para os deputados do PCdoB, o episódio teve cunho político. “A orientação política da Mesa foi parcial. Havia uma intensa mobilização, particularmente do PSDB, no sentido de interromper a qualquer custo a sessão de homenagem a Coluna Prestes, independentemente da forma”, pontuou a líder da bancada na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ).

“Houve uma inversão de valores, uma agressão machista e ao direito de opinião. Houve desrespeito hierárquico e empoderamento político parcial de um funcionário da Casa a partir da oposição em função de um objeto político”, avalia Jandira.

Na imprensa, a Mesa destaca que a sessão solene tinha sido um artifício da base aliada do governo para retardar a instalação da CPMI. A homenagem, no entanto, havia sido requerida no início de fevereiro, antes de qualquer menção às investigações na estatal petrolífera brasileira.

“Nós nunca obstaculizamos nenhum tipo de investigação. Defendemos o símbolo da Petrobras como patrimônio brasileiro, mas nunca fomos contra qualquer investigação de corrupção ou de qualquer malfeito no Brasil”, reforçou a líder da bancada.

“Versão leviana”

Para a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE-foto), autora do requerimento para a realização da sessão solene, o objetivo era homenagear “um dos maiores feitos históricos do Brasil”. O requerimento que solicita a realização da homenagem à Coluna Prestes foi apresentado pela deputada e pelo senador Inácio Arruda no dia 5 de fevereiro de 2014.

“Queríamos resgatar a história da marcha que atravessou o país em defesa da igualdade, de melhores condições de vida para o povo brasileiro”, disse Luciana Santos, repudiando a tentativa de transformarem a iniciativa do PCdoB de exaltar a história do povo brasileiro em manobra para retardar um processo de instalação de CPI. Essa é uma versão leviana, acintosa, inaceitável.

“É um movimento típico de um sistema de comunicação perversa, que faz um jogo que tem opção na disputa eleitoral e que vê em tudo o que acontece uma manobra, como acusar uma sessão em homenagem ao povo brasileiro de conspiração contra a CPI”, concluiu Luciana Santos.

Da Redação em Brasília
Com informações da Lid. PCdoB na Câmara