Líder da Irmandade Muçulmana e islamitas são condenados à morte

Um tribunal egípcio condenou à morte 683 supostos membros da Irmandade Muçulmana, incluindo o líder supremo do grupo, Muhammad Ba­die. É a segunda condenação em massa deste tipo emitida pelo Judiciário egíp­cio. Em março, outros 529 islamitas já haviam sido sentenciados à morte por seu envolvimento com a organização do presidente deposto Mohammed Mursi, afastado e preso pelo Exército do Egito em julho de 2013.

A sentença foi divulgada nesta segunda-feira (28). O procedimento jurídico no Egito es­tabelece, entretanto, que as penas sejam avaliadas pela liderança religiosa e, en­tão, confirmadas pela corte. Assim, dos 529 condenados à morte em março, so­mente 37 tiveram a pena capital confir­mada pelo juiz na sessão de hoje. Os de­mais réus foram sentenciados a 25 anos de prisão.

Advogados de alguns dos réus questio­naram a legitimidade da decisão judicial. Muitos dos defensores boicotaram a au­ diência e exigiram que o juiz fosse substi­tuído, chamando-o de “açougueiro”. Um dos advogados, Mohamed Abdel Waheb, que representa 25 réus, afirmou que o ve­redicto foi entregue em uma sessão que durou menos de cinco minutos.

A emissão de penas capitais em massa não tem precedentes na história do Egi­to, fazendo despertar críticas de países ocidentais e organizações de direitos hu­manos.

“Essa sentença matou a credibilida­de do sistema judiciário do Egito”, disse uma pesquisadora da ONG Anistia Inter­nacional, Mohamed Elmessiry.

Movimento 6 de abril banido

Em outro episódio do Judiciário egíp­cio, um tribunal do Cairo decidiu banir o Movimento 6 de Abril, grupo da juven­tude egípcia e um dos protagonistas do levante popular que saiu às ruas e pediu a deposição do governante Hosni Muba­rak, em 2011.

Um porta-voz da organização afirmou que a sentença evidencia a extensão da “contrarrevolução” egípcia. “Isso mostra que o alvo não são apenas os islamitas, mas também grupos liberais como nós”, disse Ahmad Abd Allah. E completou: “O governo vai continuar até o fim a interdi­tar todas as forças democráticas. O que mais você pensava que um golpe militar faria?”.

No início do mês, um tribunal do Cai­ro confirmou a pena de prisão de três anos ditada em dezembro passado con­tra Ahmed Maher e Mohammed Adel, fundadores do Movimento 6 de Abril, e do blogueiro Ahmed Duma, por orga­nizar um protesto ilegal e causar distúr­bios em 30 de novembro de 2013. A ma­nifestação não contava com a permissão das autoridades, como exige a polêmica lei de protestos aprovada pelo governo nesse mesmo mês, que limita o direito a se manifestar.

Fonte: Brasil de Fato