Empreendedores se preparam para negócios culturais no Mercosul 

Parceria inédita entre o Ministério da Cultura e o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) viabilizou a capacitação de 100 empreendedores criativos para o 1o Mercado de Indústrias Culturais dos Países do Sul (1o Micsul). Entre os empreendedores selecionados, estão os músicos Tiê e Curumin, e companhias de teatro como Grupo Galpão (MG) e Teatro Oficina (SP). 

Empreendedores se preparam para negócios culturais no Mercosul

O evento reunirá de 15 a 18 de maio, em Mar Del Plata (Argentina), compradores e vendedores de produtos e bens culturais de 10 países sul-americanos, além de representantes dos Estados Unidos e da Europa. Eles farão rodadas de negócio em diversos segmentos da área cultural.

O secretário da Economia Criativa do Minc, Marcos André Carvalho, destacou a importância da indústria criativa no cenário econômico internacional. "A cultura sempre foi marcada como lazer e entretenimento. Mas, a cultura é muito mais do que isso. Os setores da economia criativa são os que mais crescem no mundo, geram os melhores empregos e os melhores salários", afirmou na abertura da capacitação. Entre os países da América do Sul, a economia da cultura já é responsável por uma média de 2% a 4% das riquezas geradas anualmente.

Para André Maciel, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a economia criativa também é ferramenta de diplomacia entre os países. "Ela gera soft power, que é a capacidade de atração fundamentada em valores, idéias e condutas e são contra-pesos à coerção como forma de poder, só que mais forte e duradoura, porque baseada no convencimento", explicou.

Ao falar para os empreendedores criativos que vão ao Micsul, o diplomata elencou uma série de ações que eão desenvolvidas pelo Itamaraty no exterior para exportar a cultura brasileira. Ele destacou a América do Sul como região prioritária de incidência cultural.

"O mundo que não conhece o Brasil será um mundo em que o Brasil terá uma importância menor. Atualmente, há mais demanda sobre a cultura do Brasil do que a disponibilidade de informações", apontou. "Existe uma expectativa mundial em conhecer a versão brasileira da Economia Criativa", acrescentou o secretário Marcos André Carvalho, titular da SEC/Minc.

O 1o Mercado das Indústrias Culturais dos Países do Sul é uma experiência inédita e possibilitará uma expansão do intercâmbio comercial entre os empreendedores criativos da região.

Lista diversificada

A lista dos projetos brasileiros selecionados ao Micsul inclui tanto empreendedores de renome nacional e internacional até aqueles que ainda não alcançaram um projeção. É caso do artista plástico e arte-educador Alexandre Rangel, do Distrito Federal. Com experiência em desenvolvimento de software artístico, ele quer levar aos compradores do Micsul a oferta de um serviço diferenciado.

"Desenvolvo software para projeção de vídeo, instalação interativa e vídeo-cenário, além de capacitação para o desenvolvimento de software", descreve. Na plataforma que Micsul desenvolveu para agendar as rodadas de negócio, Rangel identificou potencialidades.

"Vão estar lá representantes de festivais, de prefeituras e universidades que podem ser interessar pelo meu trabalho de treinamento e capacitação para desenvolvimento de softwares", indica.

A diretora de produção da MS2, Sandra Narcizo, que atua com gestão musical em Porto Alegre (RS), já está acostumada a fazer negócios internacionais. Sua empresa é uma das poucas no país que desenvolve a carreira de artistas estrangeiros no Brasil, que inclui a edição de discos no mercado fonográfico nacional por meio do selo da MS2.

"Tenho uma rede em torno desses artistas que reúne nove países da América do Sul, México e Espanha", destaca. Agora, Sandra quer mergulhar na cultura sul-americana e, articulando novas parcerias, gravar e lançar discos e produtos do folclore dos países da região.

Outro grande empreendimento brasileiro no Micsul é o prestigiado Festival Panorama, um dos maiores eventos de artes cênicas do país. Há 22 anos no mercado, o Panorama estará em diálogo com outros empreendimentos com e sem experiência fora do Brasil.

"Acho muito importante a iniciativa do Micsul para pôr em contato projetos que já tem experiência quanto para aqueles novos poderem compartilhar dessa experiência internacional", avalia Renato Saravia, diretor do festival.

Da Redação em Brasília
Com informações do MinC