Sinjorba critica condenação de repórter que denunciou empresários

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado (Sinjorba) emitiu nota de protesto contra a decisão da Justiça baiana, que condenou o jornalista Aguirre Peixoto pelos crimes de calúnia, injúria e difamação, supostamente cometidos contra empresários do setor imobiliário. Quando trabalhava no jornal A Tarde, Peixoto assinou matérias que denunciavam a devastação da Mata Atlântica de Salvador pelos empresários.

“Estas tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa denotam práticas pouco democráticas, uma vez que apenas os jornalistas foram processados como pessoas físicas, numa clara tentativa de intimidação de sua prática profissional”, diz a nota do sindicato. Aguirre Peixoto foi condenado à prisão de seis meses e seis dias em regime aberto, convertida em prestação de serviços e pagamento de 10 salários mínimos.

O Sinjorba informou, ainda, que recorreu da decisão, em primeira instância, e que, em parceria com entidades baianas do Fórum A Cidade Também é Nossa, iniciou uma ação por denunciação caluniosa contra os autores do processo que condenou o jornalista. Também serão questionados os processos envolvendo os servidores públicos federais e estaduais que autuaram as empresas por crimes ambientais – eles foram as fontes nas matérias de denúncia.

A tentativa de violar o direito da sociedade de ser informada e o direito dos jornalistas de informar foi discutida no 36º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado no início deste mês, em Maceió (AL). No encontro, foi aprovada uma moção de repúdio à perseguição sofrida pelos profissionais baianos de imprensa.

"Os jornalistas reunidos no 36º Congresso Nacional dos Jornalistas realizado em Maceió, Alagoas, manifestam veemente repúdio à sistemática perseguição que vem sendo empreendida por empresários do setor imobiliário baiano, que processam as pessoas físicas dos jornalistas baianos, sem processar a empresa A Tarde, que publicou as reportagens sobre a destruição de Mata Atlântica em Salvador, nos últimos cinco anos”, diz a moção.

Segundo o sindicato, além de Aguirre Peixoto, também são alvo das ações judiciais os repórteres Biaggio Talento, Regina Bochichio, Patricia França Vitor Rocha, Felipe Amorim, Aguirre Talento e Valmar Fontes Hupsel Filho. Este último responde a uma ação civil que tem pedido de indenização de R$ 1 milhão.

De Salvador,
Erikson Walla