Nádia Campeão classifica zona leste antes e depois do Itaquerão

Vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão (PCdoB) descreve de ganhos pontuais, como um acordo entre ambulantes e patrocinadores, a legados para o desenvolvimento da região, que tem 34% da população e apenas 16% dos empregos da cidade.

A vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, coordenadora do Comitê Especial para a Copa do Mundo, acredita que os investimentos municipais e estaduais realizados em Itaquera, na zona leste da cidade, em razão do evento, serão um marco para o desenvolvimento econômico e educacional da região. Para as obras de infraestrutura locais foram destinados cerca de R$ 150 milhões do orçamento municipal e R$ 398 milhões do governo estadual.
 

No entanto, as opiniões sobre o evento são ainda controversas entre os brasileiros: parte da população entende que o dinheiro empregado em construção de estádio poderia ser utilizado para melhorias em outros setores públicos, como saúde, educação e mobilidade urbana. Nádia defende que as obras da Copa do Mundo irão “preparar o terreno” da zona leste para receber os demais equipamentos públicos previstos até o final gestão de Fernando Haddad (PT) em 2016.

“Nós não estamos acostumados a ver um estádio como um gerador de emprego, de renda, uma atividade econômica. Qualquer cidade que quer atrair, por exemplo, uma nova fábrica, um novo empreendimento, costuma dar facilidades porque sabe que aquele investimento que vem irá gerar benefícios econômicos a longo prazo. Então, as vezes há isenção de imposto territorial, de IPTU, de ISS.”

Ela destaca que o entorno da estação Itaquera, da Linha 3 Vermelha do metrô, era “completamente desocupado” antes da construção do estádio de futebol, conhecido como Itaquerão, iniciada há três anos. A prefeitura pretende transformar a área em um polo econômico institucional e promete dar continuidade aos investimentos estimulados com a organização do mundial.

“A zona leste vai receber muitos benefícios sociais e urbanísticos”, afirma a vice-prefeita. Hoje, além da Arena Corinthians, estão instaladas na região apenas a Faculdade de Tecnologia (Fatec) Professor Miguel Reale, de ensino superior, e a Etec Itaquera, escola técnica de ensino médio. Após a Copa, serão construídas unidades do Sesi e do Senai, além de um Fórum no local.

Para facilitar a mobilidade urbana, o bairro também precisou receber obras de infraestrutura viária, como o recapeamento de vias e a criação de alças de acesso à Marginal Tietê e ao Rodoanel – o perímetro que interliga as principais rodovias do estado desviando o tráfego sobretudo de caminhões do centro expandido. As principais avenidas do extremo leste da cidade, Jacu Pêssego e José Pinheiro Borges, foram interligadas. “Os investimentos para a Copa não são um valor jogado fora, que não retornam para a cidade. Eles são preparatórios para todos os equipamentos que nós vamos receber ali na região. Não há como construir sem ter calçada, iluminação, e forma de acesso”, argumenta a vice-prefeita.

A zona leste concentra cerca de 4 milhões dos habitantes da cidade de São Paulo, o que corresponde a 36% da população. Entretanto, apenas 16% dos empregos oferecidos na cidade estão na região.
Ambulantes

Embora as obras da Arena Corinthians tenham criado cerca de 6 mil empregos diretos e outros 20 mil de forma indireta, a questão trabalhista ainda é ponto de conflito na realização do mundial. Em acordo com a Fifa, o governo federal proibiu que vendedores ambulantes trabalhem nas imediações dos estádios durante a Copa do Mundo. A venda de produtos e alimentos seria assegurada apenas aos patrocinadores oficiais do evento. A medida causou revolta entre os setores envolvidos, que viam no mundial de futebol uma oportunidade de trabalho.

Em São Paulo, a prefeitura assumiu papel de intermediação de um acordo entre as empresas parceiras do mundial e o Fórum dos Ambulantes de São Paulo. Pelo acordo, A criação de empregos temporários no entorno do estádio privilegiará esses profissionais, o que inclui as atividades organizadas em torno das partidas em praças, conhecidas como Fifa Fun Fest. “Nós pudemos formalizar e legalizar o trabalho dos ambulantes em parceria com os patrocinadores. Eles fornecerão o produto e os uniformes e o fórum vai listar os trabalhadores que querem atuar durante a copa”, explica a coordenadora do Comitê Especial para a Copa do Mundo.

Fonte: Rede Brasil Atual