Sessão especial na Alba homenageia guerrilheiros do Araguaia

No ano em que o Golpe Militar de 1964 completa 50 anos, um dos movimentos guerrilheiros em combate ao regime, a Guerrilha do Araguaia, completa 42 anos. Proposta pelo deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB-BA), a sessão especial 42 anos da Guerrilha do Araguaia e 50 do golpe militar de 64 acontecerá nesta sexta-feira (25/04), no Plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), às 9h30, com a presença do único sobrevivente ainda vivo, Zezinho do Araguaia.

O encontro objetiva celebrar a luta dos cerca de 80 guerrilheiros que pretendiam derrubar o regime militar e instalar um governo igualitário. A Guerrilha do Araguaia ofereceu uma importante contribuição à luta por liberdade e democracia no país, e foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no final dos anos 60, no Sul do Pará.

“Em que pese a ditadura ter promovido a maior mobilização de tropas desde a 2ª Guerra Mundial, os guerrilheiros resistiram bravamente por cerca de três anos, imprimindo uma importante página na história de lutas do povo brasileiro”, afirma Álvaro Gomes, acrescentando que os corpos dos guerrilheiros estão desaparecidos até hoje. De acordo com o parlamentar, a sessão especial constituirá uma oportunidade de o Legislativo prestar as justas homenagens.

Zezinho do Araguaia

Micheas Gomes de Almeida, conhecido como Zezinho do Araguaia, 80 anos, dará seu depoimento na sessão especial e contará detalhes dos momentos que viveu na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia. Para o deputado, este é o momento de resgatar a história e a memória dos combatentes que deram suas vidas por acreditarem na revolução socialista, a exemplo de Cuba e da China.

Zezinho do Araguaia nasceu em Belém, no Pará, em 1934, filho de camponeses e trabalhou na construção de Brasília. Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil nos anos 60. Enviado para treinamento militar na China pelo partido antes da guerrilha, no retorno, sendo um militante com maneiras de homem do campo, foi enviado ao Araguaia com outros companheiros para ajudar a preparação de guerrilha rural, idealizada pelo partido como forma de combater a ditadura militar.

Foi o guerrilheiro que mais se adaptou à selva, servindo constantemente de guia e principal mensageiro da guerrilha. Por ter o porte físico dos caboclos da região, não levantava suspeita e assim era sempre escalado para entrar e sair da mata, procurando remédios, suprimentos e transportando integrantes para fora e para dentro da área ocupada pelo PCdoB.

A guerrilha

A Guerrilha do Araguaia foi um agrupamento de militantes contrários à ditadura militar, que acreditavam que a revolução socialista só teria sucesso se acontecesse primeiro no interior rural do Brasil. Os militantes, na maioria membros do PCdoB, escolheram a região no sul do Pará, nas divisas entre o Maranhão e Tocantins. A área, de aproximadamente 7.000 km², foi palco de treinamentos e ações dos militantes.

A partir de 1967, os primeiros combatentes começaram a chegar à área, vindos do Sul, Sudeste e do Maranhão, onde já haviam se instalado. Entre eles estavam João Amazonas, o líder máximo do partido, Elza Monnerat, Maurício Grabois, seu filho André Grabois, seu genro Gilberto Olímpio Maria, o médico João Carlos Haas Sobrinho e o gigante negro, engenheiro e campeão de boxe Osvaldo Orlando da Costa, o "Osvaldão", entre poucos outros.

Entre 1972 e 1975, a Guerrilha do Araguaia foi alvo de uma grande ação do exército, que queriam reprimir e acabar com o movimento. Durante as ações militares, os agentes de repressão da ditadura teriam cometido graves violações aos direitos humanos, como prisões ilegais e execuções de guerrilheiros e moradores locais, condenados como “colaboradores”. Os militares são acusados de sessões de tortura, como estupros e mutilações, além desaparecimento forçado de diversos militantes.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com informações da Ascom Álvaro Gomes