Iraque encerra Abu Ghraib, centro de detenção e torturas

O governo do Iraque anunciou, nesta terça-feira (15), que fechou a prisão central da capital, Bagdá, conhecida como Abu Ghraib, e transferiu todos os prisioneiros a centros de detenção nas províncias centrais e do norte, citando razões securitárias. Abu Ghraib recebeu atenção internacional devido às denúncias de tortura e outros tratamentos cruéis ligados ao papel das tropas dos Estados Unidos, desde a sua invasão, em 2003.

Estados Unidos Iraque - Arquivo / AP

O ministro da Justiça Hassan Al-Shammari disse que seu Ministério “transferiu os 2.400 encarcerados na prisão, presos pela acusação de terrorismo, a prisões de alta segurança, nas províncias do centro e do norte, como uma medida de precaução”, ressaltando que a prisão de Abu Ghraib está em uma “zona de risco”.

Outro funcionário do Ministério da Justiça, citado pelo portal Middle East Monitor, disse que “os prisioneiros foram transferidos secretamente durante as duas últimas semanas”, enfatizando que “o governo recebeu informações garantidas dos esquemas de entidades internas e externas para invadir a prisão e libertar detentos perigosos, muitos dos quais líderes e ‘senhores da guerra’ afiliados a organizações terroristas, notoriamente, a Al-Qaeda”.

No meio do ano passado, vários homens armados invadiram Abu Ghraib e libertaram 1.500 prisioneiros entre os cerca de cinco mil, detidos sob a acusação de terrorismo. A prisão, que fica a 32 quilômetros de Bagdá, tornou-se notória quando uma denúncia revelou os abusos e a brutalidade das forças estrangeiras que geriam o local, com a veiculação de imagens chocantes de tratamento cruel.

O país tem experimentado uma nova onda de violência, inclusive com a explosão de carros-bomba e outros artefatos explosivos improvisados, assim como as operações de assassinato, cuja autoria não tem sido reivindicada. As autoridades iraquianas acusam grupos armados, sobretudo da rede Al-Qaeda, de cometer os atos terroristas.

As primeiras eleições parlamentares do país desde a retirada das tropas estadunidenses estão marcadas para o final deste mês. O partido vencedor deve nomear um primeiro-ministro e ocupar cargos no topo da hierarquia de gestão, enquanto luta para estabilizar o país, promover a reconstrução e superar um contexto agravado pelos anos de presença militar estrangeira.

Com informações do portal Middle East Monitor,
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho