PCdoB realiza grande Encontro sobre Questões de Partido

O encontro reuniu cerca de 200 militantes de diversificadas bases e movimentos de atuação para debater os desafios da legenda na batalha eleitoral e a renovação das linhas de acumulação e crescimento do Partido na maior cidade do país.

Por Ana Flávia Marx

- Ana Flávia Marx

Através das balizas encaminhadas no 8º Encontro sobre Questões de Partido organizado pelo Comitê Central, o PCdoB debateu as resoluções e o diagnóstico sobre a realidade da legenda na Capital.

O secretário nacional de Organização, Walter Sorrentino, partiu das premissas nacionais para auxiliar na diagnose do trabalho paulistano. O primeiro eixo é que, apesar do crescimento de 6% do Partido no último processo congressual, a mobilização foi inferior, principalmente nas capitais, por isso, “o eixo de construção são as grandes cidades e nelas criar grande redes de bases de militância organizada politicamente, sobretudo nas capitais. É nas capitais que vamos situar a nossa orientação política”.

O outro eixo é a participação nas eleições. “Os resultados eleitorais desde 2008, as eleições de vereadores até 2012, passando pela eleição de 2010, mostram que nas capitais a votação para vereadores caiu e os votos de legenda caíram no conjunto do país em quase metade dos estados”, demonstrou Walter.

A conclusão nacional é que essa radiografia evidencia a diminuição da mobilização para o congresso, de militantes e a redução do partido é que envolve inúmeras reflexões de diferentes ordens, políticas, econômicas, sociais e políticas organizativas do Partido.

“Acreditamos que isso se deve, primordialmente, a grandes alterações sociológicas provindas disso que a gente chama de uma grande mobilidade social ascendente, onde mais de 48 milhões de pessoas mudaram de classe de consumo, que gerou na sociedade novos anseios, porque o ritmo de melhoria diminuiu e isso gera uma gama de novas manifestações na sociedade”, explicitou o secretário nacional de Organização.

O dirigente ressaltou duas questões interligadas para consolidar um novo caminho, renovar e revolver as nossas linhas de acumulação nas capitais. A primeira é entender a nova gramática promovida pelas transformações sociais, culturais e políticas, fruto da vitória desse ciclo econômico, nos últimos 12 anos, que promoveu milhões de pessoas a um novo grau de cidadania.

A segunda é a noção sobre a necessidade de construir um partido comunista de quadros e de massas de militantes, partido extenso e influente com militância organizada, muitos filiados, simpatizantes e amigos.

“Essa noção só vai se completar, enquanto pensamento político-organizativo, ou seja, um partido que gere identidade de vários setores do povo trabalhador, juventude e mulheres, quando a gente conseguir um eleitorado próprio, mais permanente, um eleitorado que veja nos comunistas a sua representação política, um partido capaz de dizer com clareza pelo que luta em cada momento, um partido que esteja presente na luta política do povo e que combine as reivindicações imediatas com as bandeiras das reformas, principalmente, as reformas urbanas”, defendeu Sorrentino.

Para chegar a esses objetivos, o foco imediato é a eleição de 2014, tendo como eixo um novo olhar para as capitais e os caminhos que tem como seu principal protagonista o povo mobilizado e a força partidária para dar suporte à política, tendo como centro a retomada do Fórum dos Movimentos Sociais e a constituição do Fórum de Quadros de Base.

A sociedade é mais rede, mais horizontal

Segundo Walter, cada base tem que ter um projeto político determinado, um pivô – responsável por dar vida regular à base –, pauta e agenda. “Temos que revolucionar o nosso método. Essa verticalidade que a gente pratica não é boa mais, a sociedade mudou, a sociedade é mais rede, horizontal”, pontuou.

O secretário estadual de Organização, Marcelo Cardia, concordou com o diagnóstico feito no encontro nacional e destacou a importância da Capital no cenário nacional. “A Capital de São Paulo tem mais eleitores que 23 estados do país, é o quinto eleitorado, depois de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.”

“A Capital lidera o conjunto de 75 cidades com mais de 100 mil habitantes no estado, que contém 80% do eleitorado paulista. Então, é preciso pensar grande, porque os desafios são grandes, as dificuldades são grandes, as potencialidades são grandes. Não há solução para o país que não passe pela cidade de São Paulo”, reiterou Cardia.

Para o dirigente estadual, as perguntas a serem feitas devem ser em torno de como dirigir, fazer crescer e enraizar um partido em um lugar como esse. Como ter um partido influente, capaz de se fazer presente e ser ouvido nas lutas, seja ela política, econômica ou ideológica, sem ter uma base própria de massa? “Reduto eleitoral político é, em última instância, ter uma base própria de massa”, definiu.

“O Fórum de Quadros de base que a Capital precisa implantar, além da orientação nacional, tem uma referência prática no estado de São Paulo, que são os Fóruns de Macro Região, experiência vitoriosa que vem ajudando a consolidar o Partido em todo o estado”, exemplificou Marcelo Cardia.

Para o secretário municipal de Organização, Fernando Borgonovi, o Partido precisa elaborar e divulgar mais o que pensa sobre a cidade, além de buscar maior estabilidade no conjunto do seu trabalho, pois “no último decênio o Partido teve processos de acúmulo e desacúmulo na cidade, tanto do ponto de vista eleitoral quanto de sua inserção entre os trabalhadores, setores médios e movimentos organizados”.

“É preciso iniciar um processo de construção de opinião sobre o projeto político do PCdoB para a cidade de São Paulo, que afirme uma identidade própria e alavanque sua participação nas lutas sociais que aqui residem; de prioridades para a indução do crescimento partidário; de abertura e fortalecimento das direções, bem como de um reavivamento da vida das bases.”

Responsável pela política de quadros no comitê estadual, Julia Roland afirmou que a política de quadros não pode ser subestimada e que o Partido precisa de quadros de tipos variados, quadros que possam fazer frente e ligação do trabalho partidário. “Os deslocamentos de Wander Geraldo e Alcides Amazonas foi um claro movimento de política de quadros.”

Cidade complexa

A vice-prefeita Nádia Campeão fez uma intervenção especial e demonstrou a complexidade da Capital. “O desafio de estar na vice-prefeitura é do tamanho da metrópole. São Paulo é uma cidade igual a poucas do mundo. O fluxo diário da cidade eleva a população a 13 milhões. Imagine ter que atender com abastecimento, transporte, educação, habitação, lazer, todos os dias, porque a cidade nunca para.”

Nádia, que está à frente da organização da Copa do Mundo, enfatizou a centro do jogo em torno do megaevento esportivo. “O que está em disputa é a reeleição da Dilma, não se enganem, e a mídia está tentando jogar a gente para baixo, dizendo que não temos capacidade de construir um evento como esse.”

A centralidade da Capital no projeto nacional também foi destaque na intervenção da vice-prefeita. “São Paulo é a capital federal financeira, econômica, cultural e social. Não é ufanismo, é a realidade”, defendeu.

“As esferas estão o tempo todo se cruzando, se encontrando o tempo todo, para dar um exemplo claro disso, vejam a Avenida Paulista, que é o endereço-sede da Fiesp, mas é também onde é realizada a Marcha das Centrais Sindicais. As esferas se invadem o tempo todo, porque a nossa cidade é a cidade do confronto, da luta de ideias, da luta de classes do país”, enfatizou Nádia Campeão.

Participaram também da atividade o subprefeito da Sé, Alcides Amazonas, o chefe de gabinete da Subprefeitura do Jabaquara, Wander Geraldo, a deputada estadual Sarah Munhoz, os deputados federais, Protogenes Queiroz e Gustavo Petta, e o secretário de Igualdade e Promoção Racial do município, Antônio Pinto, o Toninho.

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