Conselho de Segurança faz reunião de emergência sobre a Ucrânia

O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma reunião de emergência neste domingo (13), para discutir a escalada da crise na Ucrânia, horas antes do ultimato do governo interino ucraniano aos rebeldes nas cidades separatistas do leste. A reunião foi convocada pela Rússia, classificando de “criminoso” o plano do governo ucraniano de mobilizar o Exército contra os separatistas, que continuam negando a legitimidade do golpe conduzido pelos que tomaram o poder, com apoio ocidental.

Rússia ONU - Reuters

O embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Vitaly Churkin, negou as alegações dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) sobre a responsabilidade pela violência ser de Moscou e disse, na reunião, que o governo interino da Ucrânia tem usado forças radicais neonazistas para desestabilizar a região oriental do país.

“É o Ocidente que determinará a oportunidade de evitar a guerra civil na Ucrânia. Algumas pessoas, inclusive que estão nesta sala, não querem enxergar as razões reais pelo que está acontecendo na Ucrânia e estão constantemente enxergando a mão de Moscou no que está ocorrendo”, disse Churkin. “Chega. Já basta.”

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Os comentários do chanceler, de acordo com o jornal britânico The Guardian, rebatem as acusações constantes no domingo, dos EUA e seus aliados, contra o governo russo. Sua homóloga estadunidense, Samantha Power, disse que “unidades armadas (…) alçaram bandeiras russas e separatistas nos edifícios [governamentais] ocupados e exigem referendos e a união à Rússia. Sabemos quem está por trás disso”.

No início do ano, a declaração de independência da península da Crimeia para a sua reintegração à Rússia, referendada por mais de 90% dos que participaram da votação sobre o tema, também causou a reação agressiva do Ocidente contra o governo russo, embora o apoio dos EUA e da UE a manifestações majoritariamente fascistas e neonazistas – e que levou ao golpe contra o governo constitucional no país – ainda não tenha repercutido em consequências práticas.

Ao contrário, no final de março, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução (100 votos favoráveis, 11 contrários e 58 abstenções) em que apelava ao "respeito à integridade territorial da Ucrânia", em referência à declaração de independência da Crimeia, que é posta pelo Ocidente como de responsabilidade da Rússia. Os representantes russos, em reação, classificaram a resolução de "contraproducente", já que "só complicaria os esforços de reequilíbrio político na Ucrânia".

Ingerência externa e sanções

Nesta segunda-feira (14), o ministro das Relações Exteriores da Rússia emitiu um comunicado em que pedia explicações aos Estados Unidos por enviar, secretamente, o chefe da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), John Brennan, à capital ucraniana, Kiev, enquanto o governo russo continua instando as partes envolvidas às negociações.

O presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, deu um ultimato aos rebeldes de cidades separatistas no leste do país – que não reconhecem a sua legitimidade enquanto autoridade governamental, após o golpe do início do ano, que derrubou o presidente Viktor Yanukovich – para que deixassem os prédios públicos que ocupam até a manhã desta segunda.

“O conselho de segurança nacional e defesa decidiu lançar uma operação completa antiterrorista envolvendo as forças armadas da Ucrânia”, disse Turchinov em um comunicado nacional. Ele acusou a Rússia por “anexar” a Crimeia e de estar por trás das rebeliões nos territórios de maioria russa no leste do território ucraniano.

Os ministros das Relações Exteriores da UE reúnem-se nesta segunda-feira (14) para discutir a possibilidade de ampliar as sanções já impostas contra a Rússia em sinal de advertência, e para estabelecer novas medidas contra o país diante da intensificação da crise na Ucrânia.

O bloco já impôs sanções contra 33 dirigentes russos e ucranianos, acusando Moscou de ter planejado a ocupação dos edifícios governamentais pelos rebeldes no leste do país vizinho. Entretanto, membros como a Espanha manifestaram-se contrários à imposição de mais sanções, enquanto a Rússia continua instando ao diálogo, às vésperas da sua reunião com os EUA, a Ucrânia e a UE prevista para a quinta-feira (17), na Suíça.

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias e do The Guardian