Pesquisas abordam relações da ditadura com a comunicação 

No ano em que o golpe militar completa 50 anos no Brasil, pesquisadores de comunicação concentram esforços para refletir sobre os desdobramentos desse fato histórico nas práticas comunicativas, na mídia e no jornalismo. Os encontros regionais sobre a história da mídia organizados pela Rede Alfredo de Carvalho são um exemplo dessa movimentação. 

Realizado entre os dias 14 e 15 de abril, no Rio de Janeiro (RJ), o 3º Encontro Regional de História da Mídia do Sudeste terá como tema “Mídia e Memórias do Autoritarismo”. Segundo um de seus organizadores do evento, Igor Sacramento, “a proposta é pensar como os meios de comunicação funcionaram para a consolidação e implementação do golpe”. Ele explica que esse tema não tem sido tratado de forma adequada, negligenciado em nome de uma versão heróica da história do jornalismo, na qual a imprensa teria resistido à ditadura.

A edição Nordeste do encontro será realizada nos dias 8 e 9 de maio, em São Luís (MA), tematizando “a repressão e a resistência da mídia no regime ditatorial”. Em 27 e 28 de março o evento da regional sul foi realizado em Florianópolis (SC) com o tema “50 anos do golpe militar de 64 – A história que a mídia faz, conta ou não conta”. No Norte, será realizado em Boa Vista (RR), nos dias 10 e 11 de abril, com o objetivo de discutir “a constituição da grande imprensa nacional em sua íntima ligação com os mecanismos de autocensura e também reflexões sobre os usos políticos da mídia”.

Publicação

Ainda neste ano, durante o 37º Congresso da Intercom, sociedade de pesquisadores em comunicação do Brasil, deve ser lançado o livro “O Jornalismo e o Golpe de 1964: 50 anos depois”, organizado por Ana Paula Goulart Ribeiro e Igor Sacramento. Dividida em duas partes, a publicação debate “o jornalismo e a instauração do golpe” e “o jornalismo sob a ditadura”.

A obra reúne artigo de vários pesquisadores como Marialva Barbosa, Beatriz Kushnir, Marco Roxo e outros. Os artigos abordam temas específicos como o comunismo nas redações, a profissionalização, a fotografia, a formação dos jornalistas e a opinião pública no contexto da ditadura.

Para acessar a programação completa acesse.

Fonte: Observatório do Direito à Comunicação