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Walter Sorrentino: As filiações partidárias

Nos debates do 8º Encontro, a campanha de filiação deliberada motiva alguma reflexão.

Por Water Sorrentino*

As filiações ao PCdoB, progressivamente, assumiram diferenças com respeito a anos anteriores. Se não for mudado o enfoque, elas poderão arrefecer na forma anterior.

A sociedade está avessa à política partidária; é preciso sim, num primeiro momento, falar de política sem partidismo. Isso dificulta filiações casuais, próprias de campanhas em praças públicas: só alcançaria desavisados.

A questão é, em campanha, trazer áreas de influência, pelas proposições políticas, e pelas relações sociais que estabelecem os comunistas. A questão concreta para ampliar o diálogo partidário com novos setores sociais emergentes é a de trazer seus líderes para o Partido, os que trazem consigo sua área de influência.

Então, o que está vegetativo são campanhas esponaneístas, não direcionadas. Podemos ser seletivos: há que despertar o apetite de mulheres comunistas para integrarem as chapas de candidatos; os jovens têm congresso da UJS; CONAM e UNEGRO são sempre um repositório de possibilidades; manifestações populares com nossa presença, campanhas em áreas de influência são sempre necessárias, mormente em ano eleitoral.

O mesmo, mas diferente, em anos de eleições municipais, quando o esforço se faz mais presente em ligação com projetos de vitórias eleitorais municipais, mais presentes no cotidiano da população. Candidatos a vereadores, dando chances à expressão política de lideranças populares, religiosas, de comunidades, de campanhas e causas da sociedade civil, já demonstraram seu apelo.

Isso pode e deve conviver, no plano da agitação, com a presença nas ruas, criativamente, como no 25 de março para comemorar os 92 anos de partido: “Só falta você nesse time”. Demonstrar orgulho de ser militante que difunde sua causa – e não assalariados distribuindo papeis e segurando bandeiras – é sempre convincente. Aliás, o que convence o povo é quem distribui os papeis, e não os papeis eles mesmos. De modo, que está posta a proposta para 25 de março.

De todo modo, em qualquer caso, nada adiantará filiar sem registro nos cadastros partidários. Isso não é em absoluto uma questão burocrática, tem tudo a ver com a capacidade que tem ou não tem o Partido de estudar seus efetivos, de submeter a verificação a cada momento o apelo que tem sua mensagem, o quanto sua linha está condizente com os anseios populares, o quanto guardam suas fileiras com respeito a trabalhadores, rejuvenescem com jovens, vanguardeiam com mulheres, e se fazem presentes entre os líderes de entidades da sociedade civil. Mais ainda: a Rede Vermelha é a matriz fundamental do Rede Quadros, este compreendido como instrumento central da governabilidade partidária. Sem registro em um não haverá o registro em outro.

Por essas razões, adequar os modos de realizar as filiações e registrá-las efetivamente é uma necessidade política, e infere a profissionalização de seus meios e instrumentos: comunicação moderna, falando a linguagem compreendida pelo povo, e gerenciamento profissional, para o que são indispensáveis recursos tecnológicos e equipes auxiliares permanentes.

*Walter Sorrentino, médico, secretário nacional de organização do PCdoB