Sem categoria

Renato Rabelo: o PCdoB foi protagonista na retomada da democracia

Ao fazer uma análise sobre os 50 anos do golpe militar no Brasil e a participação ativa do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo, relembra o protagonismo do Partido na resistência e na luta pela democracia. Para ele, é importante dar o testemunho sobre como interpretar a deflagração do golpe e seu resultado. "Para o PCdoB é importante por que nos 20 anos que vivemos numa ditadura", o Partido teve um papel protagonista e importante historicamente.

Eliz Brandão, do Portal Vermelho

 
 
Renato aborda que o golpe de Estado foi uma reação conservadora contra o governo de João Goulart, “governo este em que a luta popular cresceu”. Segundo ele, “a origem do golpe é um acontecimento que reflete o papel das forças conservadoras, patrocinado com a interferência direta da classe dominante em conluio com o governo dos Estados Unidos, o imperialismo norte-americano”.

Vale destacar o contexto da geopolítica daquele período, em que se vivia a Guerra Fria. Os Estados Unidos procurando ter o controle da América Latina, amedrontados com a influência da União Soviética aqui, buscam apoio no sentido de barrar os anseios populares. É neste contexto que a América Latina e o Brasil viveram um período de ditadura militar, avalia Renato Rabelo.

O dirigente comunista diz que o golpe de 1964 veio para sepultar a democracia, exatamente para conter as lutas populares desse período. “O golpe não surgiu por acaso, surgiu para se ter o controle de todo continente. Para barrar o ascenso democrático e popular da época. O governo Goulart levou um grande ascenso às reformas de bases, que eram conhecidas amplamente, sobretudo a reforma agrária, a reforma urbana e financeira, como também bandeiras de liberdade sindical, direito de greve, defesas nacionais e dos trabalhadores. Ou seja, é um momento importante. E o PCdoB teve um papel importante na resistência. Eles, amedrontados, levam ao golpe para barrar isso”, conta Renato.

O presidente comunista discorre ainda que a grande mídia apoiou o golpe. “A grande mídia, ela apoiou integralmente o golpe, e explicitamente.”

“A resistência foi uma jornada heroica. Evidentemente ao cabo destes 21 anos, a ditadura teve fim. E o PCdoB pagou um preço muito alto, pois mais de uma centena de militantes e dirigentes foi morta e torturada por que fazia oposição aos governos militares. A ditadura assumiu num primeiro momento uma escalada autoritária que chegou ao nível de caráter terrorista, com ápice no governo Médici. E a resistência também ia numa escalada crescente.” Segundo Renato, “o PCdoB compreendia que para vencer, era preciso a gente partir para a ideia de se isolar ao máximo a ditadura, e por isso, a orientação era de unir com amplitude os brasileiros para derrotar o governo”.

“Com a radicalização do processo, é que setores da oposição foram compreendendo, além das formas pacíficas, que a luta armada era necessária em função da realidade que se vivia”, ressalta o presidente.

Guerrilha do Araguaia

Foi assim que se procurou preparar o Partido e o povo para a ação armada. Com a formação dos grupos guerrilheiros, o regime ataca, mobilizando milhares de soldados para esse enfrentamento. E a Guerrilha do Araguaia foi de uma dimensão enorme. Foi a resistência armada mais importante, pois levou mais de dois anos de ligação com o povo. Por isso mesmo, que o Araguaia é visto como grande. Segundo Renato, uma importante visão da guerrilha foi a integração com os interesses do povo do interior, o que contribuiu para influir nas condições que já viam sendo gestadas no fim da ditadura. “A guerrilha é um exemplo para a juventude de hoje, a juventude que luta pela democracia, pelos movimentos populares”, salienta.

“Na luta de resistência, quando ela chega a certo nível de radicalização é sempre necessário refletir sobre o papel daqueles que deram a sua vida em prol de um ideal muito maior. E aliás, se hoje a gente goza de mais liberdade e democracia é porque o papel deles foi importante neste sentido.”

Renato ressaltou ainda a luta na época do declínio dos militares. “Na amplitude de resistência, o PCdoB defendeu três bandeiras: a revogação de todos os atos e leis de exceção; a anistia ampla, geral e irrestrita e a convocação de uma constituinte livremente eleita. E conseguimos que elas tivessem êxito.”

Já no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, com a resistência crescendo, conta Renato, é que o movimento popular, os operários e estudantes entram novamente em cena e já conseguem se reorganizar.

A íntegra da avaliação do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo sobre esse importante momento político vivido pelos brasileiros e pelos comunistas segue abaixo na reflexão da Rádio Vermelho.