Sem categoria

A conquista do voto pela base

Qual o fio da meada? A pergunta cabe diante do conjunto das diretrizes adotadas no 8° Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado pelo PCdoB, recentemente, em Brasília.
Por Luciano Siqueira*

A resposta é a conquista do voto – condição de êxito na batalha eleitoral de outubro, principal evento da luta política este ano. E como a conquista do voto implica relação direta com o eleitor, emerge com força o papel das Organizações de Base e dos organismos dirigentes que as comandam, os Comitês Municipais.

Isto no pressuposto de mobilizar o Partido de modo organizado, combinando a busca do voto com a expansão da base de filiados, a elevação da capacidade de discernimento e de iniciativa do militante, o enraizamento do PCdoB na vida social de cada lugar, a capacidade de guerrear pelos interesses e anseios mais sentidos pela população e melhor dominar a realidade concreta na qual os comunistas atuam. Vale dizer: construir redutos eleitorais próprios, consistentes, perenes. O inverso, portanto, da mobilização da militância feito bando errático, limitada à agitação difusa – que não conquista eleitores, tampouco constrói laços consistentes com o povo.

Assim, nessa fase de pré-campanha, o Partido deve dar atenção especial aos Comitês Municipais e às Organizações de Base, com foco naquelas que se apresentam vinculadas aos movimentos sociais (no conceito amplo introduzido no 8° Encontro: todo e qualquer agrupamento mobilizado por uma "causa").

A campanha organizada pelas OBs exercita um diferencial do PCdoB em relação aos demais partidos: o exame de cada problema concreto, na localidade ou segmento social, à luz do Programa Socialista, conferindo assim clareza e objetividade às propostas dos nossos candidatos.

Uma organização de base como a do Alto José Bonifácio, no Recife – por exemplo -, que reúne quase duas centenas de filiados, sempre ativos, pode perfeitamente fundir reivindicações locais (transporte, segurança, melhoria dos serviços de educação e de saúde, esporte e lazer) com a ideia da Reforma Urbana, ponto destacado na plataforma eleitoral dos comunistas (e do Programa partidário).

Igual abordagem (ainda tendo como exemplo o Recife), há que se fazer em outros ambientes considerados "territórios estratégicos", nos quais o Partido ocupa espaços de poder e se expande – dentre os quais estão duas Universidades públicas (UFPE, UPE) e grandes escolas da rede pública e da rede privada e o movimento juvenil. Numa cidade em que os comunistas se vêem "imprensados" diante da força acumulada por importantes aliados à esquerda, a tentativa de construir fortins da luta pelo voto – ou seja, redutos eleitorais estrategicamente situados – tem peso eleitoral imediato e valor na luta prolongada pela conquista da hegemonia.

Sob essa orientação, a OB se vê apta a perseguir meta de votos e de novas filiações, principais indicadores de desempenho na avaliação posterior da campanha realizada.

*Luciano Siqueira, médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB