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Neide Freitas: sobre o trabalho de organização

O trabalho de organização – Controle político-organizativo, agenda partidária nacional-estadual e os instrumentais de trabalhos da CNO

No 13º Congresso as questões de partido, em especial as exigências da linha de construção partidária, motivaram intenso debate abordando aspectos da linha política e organizativa. E não foi fato isolado, é ilustrativo o salto que registramos no balanço do trabalho de organização nos últimos anos: conjugar o debate político no partido com o tema da organização, da estruturação partidária. Dito de outra forma, em que pesem registros de que ainda impera o rebaixamento do debate nas Comissões Políticas Estaduais e Municipais e a dificuldade em comprometer a agenda do conjunto dos dirigentes com o tema, integramos política e organização.

Contudo, o momento exige novos passos. No nosso modelo de organização, de partido comunista, marxista-leninista, sabemos que a organização serve à política, que organizamos e estruturamos o partido para um projeto político.

Nosso desafio é persistir para encontrar o modo como a política ajuda a organizar o partido, ou seja, o modo como concretamente, na ação cotidiana, a nossa participação nos governos, nos parlamentos, nas entidades de massa, nossa intervenção na luta de ideias, tem como uma das resultantes um partido mais estruturado, mais coeso, com funcionamento regular e mais influente. Este é um desafio expresso nas resoluções do 13º Congresso no item tarefas delegadas: “Impulsionar a intervenção política, a luta de massas, a ousadia eleitoral e o empenho em pôr as participações institucionais em consonância com o projeto partidário.”

Esse partido de novo porte, que pretendemos de quadros e de massas de militantes, capaz de gerar adesão, tem novas e maiores exigências que tornam mais complexo o trabalho das secretarias de organização. Temos uma grande demanda do trabalho de controle organizativo do partido, que também é político, ou seja, é controle organizativo e político. É um trabalho coordenado pelos secretários e secretárias de organização mas que precisa ser compartilhado com as comissões políticas. É um trabalho mais refinado, que não se resume em enviar um representante de direção para reunião de Comitê Estadual, Municipal ou de Base para fazer uma fala de conjuntura. Isso não dá conta das exigências atuais do partido, são construções multifacetadas, que envolvem diversos planos da atuação política com influência direta na estruturação partidária.

Agenda dos Seminários de Capitais

Procurando atender essas exigências a Comissão Nacional de Organização, num trabalho compartilhado com os membros da Comissão Política Nacional, acompanhará o trabalho de construção partidária em todos os estados, e abre uma agenda, para daqui até maio, participar dos seminários de capitais já indicados nas diretrizes do trabalho para 2014, das reuniões das Comissões Políticas que tratarem desta pauta, e ainda realizar reuniões bilaterais com os 27 Estados para tratar dos desdobramentos das resoluções aprovadas neste encontro, além de outros temas relacionados à estruturação partidária. Mais uma vez registramos que esse esforço é no sentindo de dar consequência às tarefas apontadas pelo do 13º Congresso, quando nos indica a necessidade de “fortalecer a capacidade da direção nacional no controle político-organizativo do partido em todo o país.”

Ajustar o papel dos secretários de organização

A leitura da realidade política e partidária aqui apresentada nas falas do Renato Rabelo, Walter Sorrentino, e dos demais membros do secretariado nacional que aqui intervieram, e já constatada pelo conjunto do partido nos debates do 13º Congresso e em diversos artigos que tratam do tema estruturação partidária publicados na nossa imprensa, somada às exigências do trabalho de organização aqui constatadas, apontam que é preciso ajustar o papel dos secretários de organização, e talvez até reestudar o perfil dos secretários de organização. Essa nova realidade exige secretários de organização concentrados na linha de construção partidária. Exige secretários que liderem politicamente, e no esforço prático, a linha de organização em todos os Estados.

E isto não é retórica, temos exemplos que ilustram bem a questão. Um deles é a política de quadros, nos Estados onde o secretário de organização não assumiu o discurso perante a direção e não procurou meios para implementação da política de quadros nos últimos quatro anos; a resultante é que não aconteceu nada, em muitos casos não há sequer um responsável pelo Departamento de Quadros. Repetimos, o secretário de organização precisa liderar o discurso, precisa agir, chamar para si a responsabilidade pela aplicação da linha, caso contrário, usando a linguagem futebolística que inspira o momento no Brasil, ficamos no zero a zero, isso na melhor das hipóteses.

Para cumprir as tarefas delegadas pelo 13º Congresso, explicitadas nas resoluções, é indispensável concentrar o trabalho organizativo em dois eixos:

Concentrar o trabalho organizativo em dois eixos

O primeiro é a centralidade das capitais e grandes cidades. O caminho é o já apontado nas diretrizes para o trabalho de estruturação partidária, aqui em debate, e no encontro nacional do Fórum de Movimentos Sociais. Os passos são realizar o Seminário para debater e traçar as linha de construção partidária em todas as capitais e grandes cidades, adequando as diretivas nacionais a cada realidade; instituir o Fórum de Quadros de Base nas capitais no sentindo de garantir a cada organismo de base agenda, pauta e meta, possibilitando a toda militância atuar como construtores do projeto político do PCdoB com participação ativa no curso da vida cotidiana do partido; e estabelecer o Fórum dos Movimentos Sociais nos Estados como elemento dirigente e emulador da nossa participação nas mais diversas e complexas formas de mobilização, organização e manifestação do pensamento na sociedade, em especial dos trabalhadores, dos jovens e das mulheres, com intuito de nos fazermos representantes dessa pluralidade de anseios e ideias, procurando unificá-los através dos elementos fundadores do nosso Programa Socialista.

Essas questões têm sentido estratégico no rumo da construção de um partido comunista, marxista-leninista, de quadros e de massas, onde se apresenta como indispensável alcançar através da influência partidária uma base eleitoral própria.

Segundo é a Política de Quadros, permanecem válidas as resoluções e medidas deliberadas desde o 12º Congresso, com sentindo de possibilitar ao Departamento Nacional de Quadros cumprir o seu papel de impulsionar a formação, promoção e alocação dos quadros, formando lideranças de massas e as gerações dirigentes presente e futuras do PCdoB. As diretivas também estão dadas na carta compromisso do 7º Encontro e nas diretrizes deste 8º Encontro e que já foram apresentadas pelo novo Coordenador do Departamento Nacional de Quadros João Amazonas, Carlos Augusto- Patinhas.

Tudo isso, companheiras e companheiros, sem prejuízo do foco. Já foi dito, “o foco é projeto eleitoral 2104 ancorado nas lutas sociais e na estruturação partidária”, as questões aqui apresentadas procuram apenas apresentar alguns elementos do “como fazer”.

Para finalizar esta primeira parte recorro a um trecho das Resoluções do 13º Congresso, que ilustra bem o que nos esforçamos para apresentar:

“A linha política do PCdoB precisa ser integralmente combinada à linha de construção partidária – postas uma a serviço da outra, como fundações em que se assentam as formas de luta para a acumulação estratégica de forças. A luta eleitoral e a participação institucional, a luta de massas e a ligação com o povo, a capacidade de aglutinar forças em torno de ideias avançadas constituem um todo inseparável, reforçam-se mutuamente. Disso derivará a capacidade maior para, de fato, representar a classe trabalhadora, constituir redutos sociais e políticos fortes de apoio de massas e eleitoral capazes de fortalecer a legenda comunista.”

As Ferramentas criadas para ajudar na estruturação do Partido

Peço um pouco mais da atenção para tratar dos instrumentais de trabalho da CNO. Não vamos apresentar novidades, o que propomos é fazer nova aposta no sistema que construímos nacionalmente.

Consideramos que nosso desafio não é criar novas ferramentas, mas mudar o modo como concebemos e lidamos com elas.

É chave compreendermos a Rede Vermelha como elemento estratégico deste trabalho. É uma alavanca indispensável para estudar e conhecer o partido, mas também para impulsionar, como plataforma, a nossa ação nas diversas frentes como por exemplo para o trabalho de Formação, Finanças, para a política de quadros e, podemos dizer, que serve até, vejam só, para a Organização!

É preciso desburocratizar nossa forma de olhar estes instrumentos, é preciso compreendê-los como base de uma rede capaz de possibilitar ao partido um salto tecnológico na forma de relacionar-se, tanto horizontalmente como verticalmente com o conjunto das direções, dos quadros, militantes e filiados e de estudar o perfil de seus efetivos.

Essas são as ferramentas e as metas, modestas ainda, mas de grande efeito se alcançadas para o trabalho nos próximos 12 meses:

Rede Vermelha
– Hoje tem mais de 250 mil filiados cadastrados, porém são cadastros desatualizados, e o mais grave sem os elementos mínimos capazes de colocar a interação com esses filiados em outro patamar como e-mail e telefone. Hoje, apenas 10% do total de cadastrados informaram e-mail, e este é um item indispensável na rede.

Dos 108 mil militantes que participaram do 13º Congresso apenas 30 mil tiveram seus cadastros atualizados na Rede Vermelha. Neste sentido, propomos como meta mínima aos Comitês Estaduais e Municipais atualizar/inserir o cadastro de todos os dirigentes estaduais e municipais e os quadros de base ou pivôs de base nas capitais e grandes cidades, eleitos nas conferências do 13º Congresso. Nos grandes Estados, merecemos metas mais elevadas.

Rede Quadros
– É ancorada na Rede Vermelha e permite a gestão dos quadros nos diferentes níveis. É uma ferramenta indispensável para que a política e a gestão de quadros chegue aos milhares que são alvo da mesma.

Estudos Estratégicos
– Os dossiês elaborados para o projeto Estudos Estratégicos, são ferramentas da Política de Quadros voltados para a formação especializada, para o estudo individual. Nossa meta é alcançar os 800 delegados ao 13º Congresso, todos os integrantes das comissões políticas estaduais e das comissões políticas de capitais e grandes cidades.

Gestão Integrada-
Ferramenta que permite compartilhar em tempo real com todos os dirigentes da CPN, das CPEs e das CPMs de capitais os documentos e relatórios do trabalho de acompanhamento e controle político-organizativo do partido, inclusive dos GTEs. Possibilita ainda acesso aos dados geográficos e socioeconômicos dos Estados.

Portal da Organização
– Voltado para o debate intensivo da linha política organizativa do partido. O objetivo é alavancar o Portal, atualizando-o tecnológica e editorialmente. O Partido em muito se beneficiará se apropriar-se do papel de rede social interna que o portal está apto a cumprir, possibilitando interação entre direção e base. O Portal ainda cumpre papel de tribuna de debate permanente sobre os temas da construção partidária, onde todo dirigente ou militante pode publicar suas questões e opiniões sobre o tema, além de comentar questões abordadas por outros companheiros diretamente no texto ou ainda através dos Fóruns de Discussão presentes no Portal.

O Portal possui ainda biblioteca com Resoluções, Normas e Documentos que norteiam a vida partidária, além de diversos outros instrumentos capazes de auxiliar o trabalho partidário.

O Portal também está presente com a fanpage na rede social Facebook, atuando como agitador da linha e do debate sobre construção partidária. A pesquisa realizada com os delegados ao 13º congresso aponta que aproximadamente 80% destes têm perfil no Facebook e mais de 70% acessa todos os dias. Pesquisas de mercado indicam que mais de 60% da população jovem dos grandes centros urbanos, de todas as classes sociais, estão conectadas e com presença nas redes sociais, o que não deve ser diferente entre os comunistas. Caminhamos para profissionalizar nossa ação nas redes sociais com o objetivo de alcançar a militância do partido nas capitais e grandes cidades não só para dar a conhecer as linhas de construção partidária e as diretrizes para a ação política eleitoral, de massas e de fortalecimento das fileiras partidárias, mas também para envolvê-la nesse entusiasmado e urgente debate através da fanpage do Portal da Organização.

É isso. Esperamos que analisem, opinem, critiquem as questões aqui apresentadas e façamos chegar o debate ao conjunto do partido.

Neide Freitas

Secretária Nacional Adjunta de Organização