Em exposição, o PCdoB conta 92 anos de história pela democracia 

Com fotos e discursos, o PCdoB conta os 92 anos de sua história na exposição "O PCdoB e a Redemocratização do Brasil", que foi aberta na tarde desta terça-feira – 25 de março – e fica aberta até a próxima sexta-feira (18), na Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento reuniu atuais e ex-parlamentares, militantes e simpatizantes da causa comunista. 

Em exposição, o PCdoB conta 92 anos de história pela democracia - Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados

A exposição reúne imagens que mostram a trajetória do partido desde a deposição do presidente João Goulart, em 1º de abril de 1964. São retratados tanto os movimentos institucionais de retomada da estabilidade democrática quanto as ações de resistência armada à ditadura militar, como a Guerrilha do Araguaia. A exposição também apresenta episódios como a Queda da Lapa e o histórico movimento pela anistia, até a instalação da Assembleia Nacional Constituinte em 1987.

A vice-presidente do Partido e deputada Luciana Santos (PE-foto) destacou que “a defesa da solidariedade entre as pessoas e a possibilidade de construir um mundo justo é o pensamento que nos move, que nos faz acreditar que é possível superar o mundo capitalista e construir um mundo de grandes possibilidades, de democracia, de grande riqueza e de inclusão social”.

E anunciou que “estamos atualizando a nossa teoria para possibilitar construir um socialismo com um modelo próprio do Brasil, com nossas características”.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), que presidiu o evento, enfatizou a história de resistência do Partido, a mesma que vai demonstrar na luta politica e nas urnas para evitar retrocessos no Brasil. “Esse tem sido o compromisso do PCdoB”, afirmou.

Ela anunciou que, na tarde desta terça-feira, o Colégio de Líderes da Câmara decidiu negar o requerimento do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que queria comemorar os 50 anos do Golpe Militar, e manter a sessão solene, com base na solicitação da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), para homenagear a resistência à ditadura militar.

A líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin (AM), também falou, a exemplo dos demais oradores, do orgulho de ser do PCdoB, partido que lutou contra a ditadura, que perdeu importantes quadros nessa luta, destacando que a exposição lembra esses fatos para que a história não se repita.

Reformas estruturantes

Para o ex-deputado Aldo Arantes, do PCdoB de Goiás, nos 50 anos do golpe militar devemos resgatar os compromissos do discurso do ex-presidente João Goulart na Central do Brasil. Segundo ele, ao ouvir hoje o discurso de 1964, em que o presidente anunciava a decisão de promover as reformas da educação, agrária, urbana e política, percebe-se a atualidade dos temas para o Brasil de hoje.

“Essas reformas estruturais são as reivindicações da sociedade brasileira. E não há condições de fazer nenhuma dessas reformas com essa composição do Congresso”, disse, defendendo uma reforma política democrática, que tenha como eixo central o fim do financiamento privado de campanha, para evitar que os políticos sejam eleitos pela força do dinheiro, o que impede o aprofundamento da democracia com a realização das reformas estruturantes.

Partido de mártires

O jornalista Augusto Buonicore, que falou em nome da Fundação Maurício Grabois, lembrou que o PCdoB é o Partido que doou mais mártires à luta pela redemocratização do país.

“Os quadros dessa exposição retratam alguns momentos marcantes da trajetória desse que é não apenas o mais antigo partido do país como também um dos que com lutas, ideias e realizações ajudaram a construir o Brasil”, anunciava o painel de abertura da exposição, assinado por Adalberto Monteiro.

E, no painel seguinte, o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, cobra o direito da nação à memória e à verdade, “para que nunca se repita esse período de trevas na história do pais”, ao mesmo tempo em que rende homenagem aos que lutaram contra a ditadura.

“A luta destes homens e mulheres é motivo de orgulho e inspira as atuais gerações a lutarem por mais democracia, progresso social e desenvolvimento soberano do nosso país”, afirma.

Da resistência ao Ciclo Lula

Nos painéis em exposição, espalhados no Espaço do Servidor, as fotos e mensagens, destacam a resistência armada à ditadura militar e a Guerrilha do Araguaia; a redemocratização e a reconquista da legalidade em 1985; o combate ao neoliberalismo; a volta ao Senado e o novo ciclo político aberto por Lula.

Em outros painéis, o PCdoB mostra a sua luta na Constituinte, quando, segundo o ex-deputado Haroldo Lima (BA), “os comunistas estiveram vigilantes na defesa dos interesses democráticos e populares na Constituição”.

De Brasília
Márcia Xavier