Presidente do PCdoB recebe título de cidadão de Belo Horizonte

Nesta segunda feira (17), o presidente do PCdoB Renato Rabelo foi homenageado pela câmara de Belo Horizonte, pela militância e dirigentes do Partido mineiro, com titulo de cidadão honorário de Belo Horizonte. Leia a íntegra de seu pronunciamento.

Titulo cidadão - Blog do Renato/ Arquivo

"Recebo hoje esta significativa homenagem da Câmara Municipal de Belo Horizonte – numa proposição do nosso vereador Gilson Reis — com o sentimento de que não se trata de um título de cidadania honorária apenas ao cidadão Renato Rabelo, mas ao presidente nacional do PCdoB, ao conjunto dos dirigentes, militantes e apoiadores do Partido Comunista do Brasil.

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Neste sentido, agradeço profundamente a honraria em nome do PCdoB, e em meu nome pessoal. Com isso a Câmara Municipal de Belo Horizonte contribui em grande medida para fortalecer os partidos políticos em nosso grande país.

Temos a mais profunda compreensão que não há avanço democrático sem partidos políticos. O Partido com programa voltado ao interesse popular e uma prática que goze de ampla influência e respeito perante o povo é que pode alcançar o poder político, ou parcela desse poder. É uma máxima universal: o povo sem poder político pouco conseguirá dos seus direitos e da sua emancipação. Os protestos fragmentados, mesmo os massivos, sem partidos e organizações políticas não se tornam uma força política, não se expressa em alternativa política ou como uma força transformadora ao avanço civilizacional, por exemplo, como almeja o PCdoB.

Daí a prioridade que damos à Reforma Política – dentre a premência da realização das reformas estruturais – visto que é preciso tornar os partidos representativos das classes sociais, por conseguinte, fortes instrumentos da democracia.

Durante décadas – desde a proclamação da República – o Brasil vem sendo governado majoritariamente pelas elites oligárquicas e conservadoras, a não ser os períodos do segundo governo de Getulio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.

É muito recente, do ponto de vista histórico, o fato de que representantes do movimento popular e das classes trabalhadoras passarem a compor os legislativos nacionais nos mais diversos níveis – mesmo assim, ainda com representação nitidamente minoritária.

E só há pouco mais de 10 anos o país passou pela primeira vez na história a ser governado por um operário e sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva, e em seguida – também pela primeira vez – presidido por uma mulher, Dilma Rousseff que, aliás, teve parte de sua vida política vivida aqui nas Minas Gerais. Eu sou da mesma geração da presidenta Dilma Rousseff, quando muitos contingentes de jovens estudantes eram perseguidos por sua luta decidida pela liberdade e a democracia contra a ditadura.

Em conversa com a presidenta Dilma Rousseff, relembrando episódios e nomes da época da resistência à ditadura, eu dizia a ela, com a sua concordância também, que tinha orgulho da geração de lutadores daquela época.

Um grande numero estudantes eram forçados a deixarem as escolas e universidades para se dedicarem generosamente, de forma exclusiva, a resistência à ditadura militar instalada em 1964. Assim, em 1966 fui forçado a deixar a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, no quinto ano, me dedicando por completo à ação do movimento estudantil e depois a ação política clandestina e até o exílio na França.

Em meados de 1966 no Congresso da UNE, realizado na semiclandestinidade, aqui em BH (a primeira vez que aqui cheguei a BH), no Convento dos Dominicanos, fui eleito vice-presidente da UNE, quando o mineiro José Luis Guedes era eleito, então, presidente dessa entidade estudantil nacional dos universitários.

Gostaria de lembrar, também, neste momento, o encontro de projeção histórica realizado no Palácio da Liberdade, no qual nosso querido dirigente João Amazonas instou o então recém eleito governador de Minas, Tancredo Neves — em meados da década de 1980 – sobre a possibilidade de Tancredo concorrer contra o candidato do Regime Militar no Colégio Eleitoral. Isto após a derrota no Congresso Nacional dos representantes da massiva campanha nacional das diretas. Este caminho se provou possível para dar fim ao período de Ditadura que se instalou no país a partir de primeiro de abril de 1964, data que lembramos hoje nos 50 anos do Golpe Militar.

A ditadura conseguiu durar 20 anos à custa de milhares de prisões, perseguições políticas de adversários, torturas e assassinatos de democratas, patriotas e progressistas. Centenas de comunistas foram presos e assinados, e dezenas mortos na tortura. Esse período de chumbo da nossa historia atravessou diversas fases da escalada autoritária à ditadura terrorista, até a resistência se alargar e ganhar força, alcançando o declínio e fim da Ditadura, com a Constituinte de 1988. A liberdade de hoje é grande parte do legado heroico dos combatentes desse período histórico da grande luta libertária.

Belo Horizonte, historicamente de fundação recente, sempre jogou papel de relevo nacional no cenário institucional brasileiro. Foi uma das primeiras cidades do Brasil a ser planejada, inaugurada no inicio do século 20, construída para ser a capital política e administrativa do estado mineiro, de gloriosas lutas libertarias, sob influência, na época, do pensamento positivista em um momento de grande impacto das ideias republicanas.

Mas como praticamente todas as capitais dos estados brasileiros – Belo Horizonte – também sofreu os condicionamentos de um tipo de desenvolvimento desordenado que acabou conformando seu atual formato urbano, com imensos desafios para a definição da fisionomia da cidade.

Entre as décadas de 1930 e 1940 ocorreu um vertiginoso crescimento populacional com o avanço da industrialização. Pela última estimativa do IBGE de 2013, a população belorizontina chegou a quase 2 milhões e 500 mil pessoas, ou seja, o sexto maior município brasileiro. A cidade de Belo Horizonte já chegou ser indicada pelo Comitê Da Crise Populacional da ONU como a metrópole com melhor qualidade de vida da América Latina, mesmo com todos os seus problemas e entre as 100 melhores cidades do mundo.

A cidade é mundialmente conhecida e exerce significativa influência nacional e até internacional. Importantes expressões da política, da cultura e da nossa intelectualidade atuaram e criaram suas obras nesta cidade. Os nomes de Juscelino Kubitschek de Oliveira, de projetos de Oscar Niemeyer, pinturas de Portinari, esculturas de Ceschiatti, jardins de Roberto Burle Marx deixaram suas marcas na cidade.

De nossa parte, lembramos, igualmente, das contribuições do PCdoB ao legislativo e ao executivo da cidade.

Foram na verdade 22 anos de participação do PCdoB tanto na Câmara Municipal quanto de processos de gestão junto à Prefeitura de Belo Horizonte.

Em 1989 começamos a participar de forma mais direta da administração e do legislativo de BH, com a eleição de Sergio Miranda para a Câmara Municipal e Dalva Stela para uma das administrações da capital.

Em 1992 contribuímos para a eleição de Patrus Ananias, Prefeito de Belo Horizonte, participando de sua gestão e elegendo vereadores para a Câmara.

Em 1996 em uma aliança do PSB, PMDB e PCdoB elegemos Célio de Castro Prefeito e Jô Moraes e Paulão nosso dois representantes no legislativo municipal.

Com a morte de Célio de Castro, o vice Pimentel assume a Prefeitura e em 2006 lançamos a candidatura de Jô Moraes para a Prefeitura da capital.

Em 2012 participamos da campanha de Patrus para Prefeito, elegendo nosso destacado vereador Gilson Reis.

O PCdoB defende em seu Programa aprovado desde 2009, a necessidade inadiável de uma reforma urbana integral, tendo em vista a reurbanização, humanização e modernização das cidades no Brasil. Essa é uma das metas principais que o PCdoB propõe para os futuros governos que disputarão as eleições de 2014. Sabemos que é nesta linha que a bancada do PCdoB na Câmara Municipal de Belo Horizonte se empenha. Como aconstrução da chamada Cidade Inclusiva, a regulamentação do Imposto Progressivo no Espaço e no Tempo, as Zonas Especiais de Interesse Social e instrumentos que assegurem a humanização e a regulamentação fundiária dos assentamentos humanos existentes em grande número no Município. Isso só será possível com ampla articulação do povo no município, que envolva os movimentos organizados, as universidades, e os setores empresariais interessados na democratização do território urbano.

Por fim, gostaríamos de dizer que nos sentimos honrados em receber esta homenagem da Câmara Municipal de Belo Horizonte, firmando o compromisso de contribuir dentro de nossas possibilidades para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural da cidade.

Muito obrigado à câmara de vereadores de Belo Horizonte!

Muito obrigado ao nosso destemido vereador Gilson Reis!

Obrigado ao povo desta grande cidade!"

Fonte: Blog do Renato