PCdoB participa do encontro de parlamentares comunistas em Moscou

Integrante da direção nacional do partido, a senadora Vanessa Grazziotin representou o PCdoB na reunião, em Moscou, do Partido Comunista da Federação Russa, com a participação de deputados e senadores de vários países. Eles discutiram a atuação dos parlamentares comunistas nas Casas Legislativas, nas atividades partidárias e na luta pelo fortalecimento da classe trabalhadora.

Vanessa Grazziotin, em encontro de parlamentares comunistas

Além do Brasil, estiveram presentes representantes dos partidos de Belarus, Bélgica, China, Chile, Cuba, Chipre, Rep. Tcheca, França, Grécia, Índia, Japão, Casaquistão, Letônia, Líbano, Portugal, África do Sul, Espanha, Síria, Ucrânia, Vietnã e os anfitriões do Partido da Federação Russa. Os participantes puderam expor como é feita a atuação dos parlamentares comunistas em seus países. Segundo a senadora Vanessa, "existe um grande interesse dos demais partidos e dos russos em especial sobre a atuação do PCdoB no Congresso Nacional".

O PCFR tem um número importante de deputados, uma bancada de 92 deputados em um total de 400 e tem ampliado sua força junto aos movimentos sociais, sobretudo junto aos trabalhadores e operários.

Entretanto, a coalizão atualmente no poder tem realizado mudanças nas leis eleitorais, e muitas delas afetaram o tamanho da representação dos comunistas.

Sobre a atual situação na Ucrânia, os relatos foram que recrudesce a perseguição sofrida pelo Partido Comunista, cuja legalidade está em risco. As forças que assumiram o poder após o golpe, estão propondo, em lei, que sejam equiparadas as forças comunistas com as forças fascistas.

Outro debate levantado no encontro foi sobre o papel que os parlamentares comunistas assumem em defesa dos trabalhadores e no avanço da luta revolucionária e a dificuldade de, neste momento de defensiva, as ações parlamentares imprimirem derrotas ao sistema.

Em sua intervenção, Vanessa destacou que "nesse momento, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) manifesta solidariedade ao povo ucraniano e ao povo russo, que partilham da mesma origem histórica e cultural, e aos comunistas ucranianos e russos."

Sobre a atual situação brasileira, a senadora comunista lembrou que "em 2014 completamos 15 anos do início de um ciclo político de governos patrióticos, progressistas e anti-imperialistas na América Latina e Caribe – considerando como o início desse ciclo a primeira posse do comandante Hugo Chávez como presidente da Venezuela em 1999. Há mais de uma década, em 2003, iniciaram-se os governos progressistas de Lula e Nestor Kirchner, respectivamente no Brasil e na Argentina, ocorrendo a partir daí uma série de vitórias em numerosos países.

Atualmente o que se vê é uma brutal ofensiva da direita e do imperialismo contra a continuidade e o aprofundamento deste ciclo político. Nestas últimas semanas, especialmente, observamos nova onda de ofensiva da direita e do imperialismo no sentido de tentar golpear a experiência da revolução bolivariana na Venezuela, que tem sido objeto de preocupação e solidariedade não somente das formas comunistas e revolucionárias da América Latina, mas de todo o mundo.

No caso brasileiro – e certamente em muitas experiências pelo mundo afora – o Parlamento é um dos terrenos importantes do desenvolvimento da luta de classes.

Ao longo de sua história de 92 anos, o Partido Comunista do Brasil, sempre que a realidade permitiu – dado o longo período de ditaduras e restrições democráticas ao longo deste tempo –, participou do Parlamento.

Mais recentemente, há mais de três décadas – desde o período final da ditadura militar brasileira – os comunistas brasileiros estão presentes nas duas casas no Parlamento, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Pessoalmente sou parte desta bancada parlamentar através de mandato no Senado Federal.

A bancada do PCdoB também tem sido fator decisivo na continuidade do atual ciclo político iniciado com o governo Lula em 2003. Num dos momentos mais críticos, em 2005, quando a direita ameaçou com impeachment o mandato presidencial, que poderia terminar com a incipiente experiência avançada das forças democráticas e populares no Brasil, nosso Partido, através de quadro parlamentar muito respeitado, assumiu a presidência da Câmara dos Deputados e rejeitou os pedidos de impeachment contra o presidente Lula.

Desse modo o PCdoB foi protagonista, liderando nesse momento histórico para o povo brasileiro, tanto no Parlamento quanto nas ruas, com as mobilizações dos trabalhadores e dos estudantes, a luta para a continuidade do ciclo político avançado que vivemos no Brasil. É um importante exemplo de combinação de várias formas de luta pelos comunistas, a luta de massas, a ação parlamentar e a batalha de ideias", destacou Grazziotin.

Segue anexa a carta do PC da Ucrânia sobre a atual situação do país.

Carta do Secretário do Partido Comunista da Ucrânia

Caros camaradas! Caros amigos!

Primeiramente, eu gostaria de agradecer todos as forças comunistas e de esquerda pelo suporte que vocês têm dado e vão continuar dando ao povo ucraniano, e especialmente ao Partido Comunista da Ucrânia. Neste tempo difícil, não desistir, trabalhar em condições difíceis, dezenas de milhares de comunistas continuam defendendo nossas ideais em comum e interesses do povo. E nós precisamos do apoio e da solidariedade do mundo comunista, trabalhadores e movimentos de esquerda.

Antes dos eventos trágicos que aconteceram em 20-22 de fevereiro de 2014, durante confrontos em Kiev, muitos de seus cidadãos foram mortos, nós repetidas vezes lhes informamos a nossa posição.

Nós enfatizamos o papel opressor da intervenção estrangeira nos assuntos da Ucrânia, a necessidade de organizar um amplo diálogo entre todas as forças políticas na Ucrânia para estabilizar a situação tensa, a criação de uma autoridade supervisora nacional independente de controle do poder do referendo nacional numa escala para determinar legal e legitimamente o destino do povo ucraniano assim como a introdução mandatória do instituto de eleição de juízes e a reforma política para descentralizar o poder estatal na Ucrânia. Entretanto, nossos avisos não foram considerados nem pelo então presidente Ianukovitch nem pelos líderes da oposição, como um resultado da Ucrânia estar às beiras de divisões social e pública. O mais trágico na atual situação na Ucrânia é a quase completa ausência da regulamentação governamental e ordem legal no país, que é uma consequência da inteira desmoralização do sistema de leis na Ucrânia. Neste período não se dá de cumprir a lei e a ordem conforme o determinado.

Neste situação, na Ucrânia, vem ganhando força um movimento nacionalista, ultradireitista, radical e armado, que, de fato, em nome dos vencedores da Revolução, confisca propriedade de cidadãos e pratica a violência e a intimidação. E a situação está, na verdade, fora de controle e os líderes atuais do sistema das leis, que consistem na oposição de ontem, no melhor dos casos, não têm informações sobe os grupos armados, e no pior dos casos são eles mesmos parceiros silenciosos da situação fora da lei que reina na Ucrânia. Ativistas do Partido Comunista da Ucrânia, neste caso, vieram a sofrer ataques em primeiro lugar, assim como o conhecido e antigo sonho dos nacionalistas ucranianos e das potencias ocidentais de suprimir por completo o movimento comunista na Ucrânia.

Contra os comunistas da Ucrânia, em condições de completa destruição do sistema legal, são usados confisco ilegal de propriedade, chantagem, intimidação, agressões, mídia partidarizada – ou seja, as condições para completa paralisação da atividade do Partido Comunista da Ucrânia. O exemplo mais claro disto é que os "revolucionários" confiscaram em seu próprio favor do escritório central do Partido Comunista da Ucrânia em Kiev, que é propriedade do Partido Comunista, assim como a propriedade e itens pessoais de empregados que trabalhavam no prédio. Um grande número de nossos escritórios regionais também está sendo atacado, muitos dos quais foram saqueados e queimados.

Na Ucrânia, na completa anarquia feita por grupos nacionalistas foram destruídos centenas de monumentos da era soviética, figuras proeminentes da história da Ucrânia, monumentos da Segunda Guerra, etc..

Infelizmente, todos esses trágicos eventos são resultados de políticas autodestrutivas de muitas forças políticas em luta por poder que ignoram por completo a noção de compromisso e diálogo com seus oponentes, usam ativamente gestos amplos sob o disfarce de slogans de oposição e agora têm o direito de criar o Estado fora da lei.

Entretanto, estes tempos difíceis testam o Partido Comunista da Ucrânia, que protege os interesses das pessoas comuns, lutando pela implementação de objetivos programáticos, estabiliza o trabalho das nossas atividades e procura fazer a fundação do retorno e da influência crescente do Partido Comunista por toda a Ucrânia.

Nós continuamos a defender os interesses do povo ucraniano na preservação da integridade territorial, que pede o mais amplo possível diálogo entre todas as forças políticas.

O Partido Comunista da Ucrânia acredita que a federalização e o aumento do poder das regiões da Ucrânia poderão preservar a integridade territorial do país e criam as condições para o retorno à paz, harmonia e entendimento mútuo dos cidadãos da Ucrânia em todo o país. O Partido Comunista da Ucrânia chama todos os comunistas, trabalhadores e movimentos de esquerda que nos pedem para continuar a prover completo suporte e cooperação na difícil luta pelos nosso princípios e objetivos em comum.

Em nome de milhares de nossos ativistas, obrigado desde já.

Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia, Petro Symonenko.