Dilma, Tinga e árbitro se reúnem para discutir combate ao racismo

Vítimas de racismo no futebol e representantes do movimento negro se reuniram, na tarde desta quinta-feira (13), com a presidenta Dilma Rousseff para discutir formas de combate ao preconceito racial. O governo pretende utilizar a Copa do Mundo deste ano, no Brasil, para propagar mensagens contrárias à discriminação e a favor da paz. 

Dilma recebe Tinga e árbitro para discutir combate ao racismo

O volante do Cruzeiro, Paulo César Nascimento, conhecido como Tinga, disse, depois do encontro, que a luta contra o preconceito vai além do Mundial, e não envolve apenas o aspecto racial. “O preconceito maior, no que acredito, é o social, de classes. Toda e qualquer prática de preconceito tem que ser banida”, disse.

Tinga e o árbitro Márcio Chagas da Silva foram vítimas de racismo recentemente, durante partidas de futebol. O jogador opinou à presidenta ser possível acabar com a discriminação apenas por meio da educação. Pelo Twitter, Dilma já havia prestado solidariedade a eles e afirmado que a Copa das Copas será também a Copa contra o racismo.

Diante da necessidade, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e o governo federal vão sugerir que os atletas se manifestem contra o racismo.

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De acordo com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, as mensagens poderão ser compartilhadas por meio de frases lidas por capitães das equipes que disputarão o Mundial, por faixas exibidas pelas equipes ou por atos organizados pela Fifa. Principalmente pela Copa ser no Brasil, um país miscigenado, que tem atitude dura com relação a essa questão. Racismo é inafiançável e imprescritível, afirmou.

“Eu não tenho como dimensionar o quanto é doloroso, é uma dor que fere a alma, o sentimento do ser humano”, afirmou Márcio Chagas. O juiz acredita ter tomado a medida certa, expondo a situação e a denunciando ao Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Gaúcha.

Assista ao vídeo das entrevistas com Márcio Chagas e Tinga:

O foco do combate ao racismo, no entanto, não deve ficar apenas no futebol. “A grande contribuição que o movimento negro trouxe para essa discussão é que a questão principal não é o racismo na Copa do Mundo”, contou Luiza Bairros, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Representantes de movimentos negros falaram com Dilma em seguida. Arilson Ventura, da Coordenação Nacional de Quilombos e do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, revelou que uma das propostas feitas à presidenta foi a de inversão na ordem da mensagem da Copa, para que em vez de “Pela paz e contra o racismo” seja “Contra o racismo e pela paz”.

“A gente vem sofrendo racismo há mais de 300 anos, no Brasil, e às vezes as pessoas fingem que ele não existe. Esta é uma oportunidade para que as pessoas de todo o mundo vejam que o racismo realmente existe”, avaliou Ventura.

O governo acredita que as leis sobre o assunto não precisam ser atualizadas, apenas cumpridas com rigor, de modo que os responsáveis sejam identificados e punidos. "É preciso utilizar as ações do governo federal para mobilizar outras instituições, inclusive do Judiciário, para que a legislação possa ser utilizada de modo mais efetivo, em favor da punição dos crimes de racismo”, comentou Luiza Bairros.

Fonte: Agência Brasil e Blog do Planalto