Michelle Bachelet: Chile só tem um adversário, a desigualdade

Do balcão do Palácio de la Moneda, onde há 40 anos o presidente socialista Salvador Allende morreu vítima de um golpe de Estado, Michelle Bachelet, presidenta pela segunda vez do Chile, fez seu primeiro discurso a milhares de chilenos que a aguardavam. Emocionada, disse que “o Chile tem somente um grande adversário, que se chama desigualdade” e enfatizou que será “a presidenta de todos os chilenos e chilenas: dos que me deram apoio, dos que não votaram por mim e dos que não foram votar”.

Por Vanessa Martina Silva, do Portal Vermelho
 
“Vamos levar adiante o programa de governo com que nos comprometemos com vocês", garantiu a mandatária. | Foto: Presidência do Chile

“Acreditamos que pode existir um Chile diferente e muito mais justo. Quero que no dia que volte a deixar esta casa, vocês sintam que sua vida mudou para melhor. Que Chile não é somente um número de indicadores ou estadísticas, mas uma pátria para viver, uma sociedade melhor para toda sua gente.”

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A respeito de uma das principais demandas do país, que é a luta pela educação gratuita e inclusiva, motivo de diversos protestos estudantis realizados no país nos últimos anos, Bachelet afirmou conhecer de perto a questão: “Sei de primeira mão que a educação pública pode oferecer a uma pessoa. Eu sou filha da educação pública, e meu compromisso é que no Chile todos tenhamos essas mesmas oportunidades”. A mandatária se comprometeu a cumprir seu programa de governo que contempla “uma reforma educacional que assegure a gratuidade, qualidade, inclusão e melhores perspectivas para as crianças e jovens do Chile”.

Outro ponto de destaque em seu discurso foi a defesa da saúde pública. “Sei em primeira mão o que a saúde pública faz pelas pessoas. Sou médica e fui ministra da Saúde. E meu compromisso é que ninguém fique sem remédios, sem atendimento profissional porque não há um especialista ou não há uma unidade de emergência perto.”

A ex-encarregada da ONU Mulheres, agência das Nações Unidas para a igualdade de gênero, afirmou conhecer de perto “quais são as preocupações das chefas do lar. Sei da necessidade que cada mulher tem de trabalhar enquanto seus filhos e filhas recebem estímulo e educação de qualidade”.

“Vamos levar adiante o programa de governo com que nos comprometemos com vocês! E vamos fazê-lo no contexto do diálogo com todas as forças políticas e sociais. Mas um diálogo com um objetivo claro, que é o de promover a implementação do programa”, garantiu.

Para cumprir o programa e responder às dúvidas quanto à sua efetividade, assegurou que nos primeiros cem dias trabalhará com as tarefas urgentes: “Porque temos urgência, devemos trabalhar com unidade, com generosidade e com compromisso, não por interesses próprios, mas para o bem comum”, concluiu Bachelet.