Sicsú: Olhar o Plano Real só pelo viés da inflação é insuficiente

Nesta edição da Coluna Economia em Números, João Sicsú faz breve balanço sobre os 20 anos do Plano Real e sinaliza outros pontos que não são levados em conta nesta questão. Segundo ele, olhar para o Plano Real apenas pelo prisma da redução da inflação é insuficiente.

Joanne Mota da Rádio Vermelho em São Paulo

Éè importante destacar lembra que muitos defendem que o Plano Real tem o mérito de ter lançado uma âncora cambial, e esse câmbio, então, se tornou a referência para a variação de preços, congelando a inflação.

No entanto, Sicsú, que é economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que é necessário aprofundar a reflexão sobre essa questão.

"Uma análise mais fina demonstra que o câmbio não foi fixo, pelo contrário ele se valorizou muito, exemplo, naquele momento que centavos de real nós conseguíamos comprar um dólar".

O colunista da Rádio Vermelho explica que o que estabilizou a economia foi a mega valorização do câmbio, a abertura para os produtos estrangeiros. "Aí está a mágica do Plano Real. Ele derruba a inflação não porque aplica uma âncora cambial, mas sim, porque abre a economia brasileira para os importados".

Segundo Sicsú, isso causou graves problemas para as exportações, ou seja, o Brasil viveu naquela época uma avalanche de produtos importados. O que, segundo Sicsú, inviabilizou o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Ou seja, "para administramos esse modelo tivemos que dilapidar nossas reservas internacionais. E para compensar foi preciso aplicar altas taxas de juros, basta lembrarmos que as taxas de juros alcançaram 45% nos primeiros anos do plano", enfatizou.

Ouça a íntegra da reflexão na Rádio Vermelho: