Lula entra em ação para pacificar relações com o PMDB

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em ação para promover a reconciliação nas relações entre o PT e o PMDB, tendo presente a preocupação de não colocar em risco a aliança com o principal partido do bloco governista. Nesta quinta-feira (6), Lula telefonou no início da noite para o presidente nacional em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp, para pedir ajuda para que sejam pacificadas as relações entre os dois partidos, após a troca de farpas e de acusações.

Nesta sexta (7), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), se reunirá com Raupp para tratar das relações entre o governo e o PMDB e discutir a reforma ministerial, um dos focos da crise. O dirigente do PMDB espera sair do encontro com um esboço mais claro a respeito das posições que serão oferecidas pelo Planalto ao partido, mas só depois da volta do vice-presidente Michel Temer de viagem, na próxima segunda-feira (10), é que a legenda dará resposta ao governo.

Ainda na quinta-feira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou a formação do chamado blocão na Câmara, iniciativa de deputados do PMDB críticos ao governo.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, também se posicionou sobre a questão. "Há uma relação tensa com o governo porque, quando você faz aliança, faz aliança com diferentes. Quando você está com os iguais, você não faz aliança, você está no mesmo grupo. Aliança é com diferente, e dialogar com diferente sempre é duro. É duro porque são posições diferentes, divergentes, conflitantes até", disse o ministro.

A confiança de Carvalho sobre a permanência do PMDB ao lado do PT na disputa presidencial se deve principalmente ao vice, Michel Temer. "O PMDB não é um aliado, ele é um copartícipe do governo, ele tem o vice-presidente Michel Temer, que, aliás, tem desempenhado um papel muito importante pra nós", afirmou.

Em conversa com jornalistas na Câmara dos Deputados na quinta-feira, o líder da bancada do PT, Vicentinho (SP), falou sobre a relação do PMDB com o governo. Vicentinho defendeu o diálogo como forma de superar as divergências. “A relação está ruim, mas eu proponho que o governo continue conversando. Mas temos que ter cuidado para não esticar até quebrar”, disse Vicentinho sobre as críticas dirigidas ao governo Dilma pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

O líder petista também ressaltou que “o PMDB não é apenas um partido da base, mas sim do governo”, e precisa se comportar como tal. “Nenhum partido da base do governo pode ter duas caras. Ser situação e oposição ao mesmo tempo. E ameaçar sair (da aliança) é tirar o ícone do partido, o Michel Temer? Não concordo”, destacou Vicentinho.

Como forma de melhorar o diálogo com os parlamentares da base, Vicentinho destacou que o governo já acertou a ida de ministros ao Congresso para ouvir as demandas dos parlamentares. “A predisposição do governo é trazer mais de uma dezena de ministros ao Congresso para ficar o dia inteiro a disposição dos deputados, ouvindo suas demandas, dialogando e construindo novos caminhos”, afirmou o petista.

Segundo ele, esse gesto inédito vai subverter a lógica que sempre imperou no parlamento. “Sempre os ministros vinham com objetivo de participar de audiências públicas e solenidades. Agora eles virão com o objetivo específico de atender os parlamentares”, comemorou.

Com Brasil 247 e boletim da liderança do PT na Câmara