André: Juventude em luta, unida por um Brasil ainda mais avançado

“Nesse momento de efervescência por um Brasil ainda mais avançado, a juventude em luta, unida e organizada fará a diferença em 2014”, declarou André Tokarski, presidente da União da Juventude Socialista (UJS), ao debater as últimas manifestações, os 50 anos do golpe militar e a herança desse período, além da luta pelas reformas estruturais e democráticas, bandeiras que comporão a Jornada Nacional de Lutas da Juventude em 2014.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo 

A Jornada Nacional de Lutas da Juventude ocorrerá entre os dias 26 de março e 9 de abril com atos que ocuparão as principais cidades do Brasil. São mais de 50 entidades que debatem e organizam uma estratégia de luta unificada e pacífica. Para esse ano o tema da jornada será: “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”. Em 2013, ano que ficou marcado na história do país pelas mobilizações protagonizadas pela juventude, a 1° Jornada de Lutas da Juventude Brasileira ocorreu em 17 estados.

Luta pelo Brasil

Durante a entrevista, o presidente da UJS fez ampla avaliação sobre a preparação da 2ª Jornada da Juventude que já conta com o apoio de mais de 50 entidades dos movimentos sociais. Segundo ele, a Jornada terá o papel de “aglutinar movimentos sociais diversos, em especial os que têm participação da juventude”.

O dirigente destacou a diversidade de entidades que compõem a organização da Jornada. “A composição dessa articulação é muito ampla. Ela reúne desde as entidades estudantis, com o papel destacado na mobilização da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), até a juventude do MST, das centrais sindicais, a rede da juventude ecumênica, entre muitas outras. Então, são várias organizações que conseguiram se reunir, definir uma pauta prioritária e consensual”, pontuou Tokarski.

Ele destacou que uma das bandeiras que serão empunhadas é a denúncia da passagem dos 50 anos da ditadura militar. “A Jornada de 26 de março a 9 de abril, ela ressaltará a luta do movimento social da década de 1960, que defendia as reformas de base. Estas que se traduzem, hoje, nas reformas estruturais e democráticas”, lembrou.

Segundo Tokarski, dentro dessa luta pelas reformas estruturais e democráticas, as entidades destacam como foco principal as reformas política e da mídia. Além destas, o dirigente da UJS adicionou mais três bandeiras que estarão no centro da luta desta Jornada: a mobilidade urbana, extermínio dos jovens negros e a educação, seja do ponto de vista da estrutura e acesso, seja do ponto de vista da entrada do capital estrangeiro no setor.

Luta e mobilização

Ao fazer avaliação sobre as últimas manifestações, André Tokarski sinalizou que neste último período foi reforçada a necessidade de se ampliar a mobilização e a luta pela reivindicação das bandeiras dos movimentos. Todavia, ele acentuou que a orientação sempre foi construir amplas e pacíficas mobilizações.

“Foi que conseguimos saímos vitoriosos em momentos como: O Petróleo é Nosso!; Diretas Já!; Fora Collor. Então, observamos que para esse período, também, é preciso aprender com a história e perceber que é preciso construir uma tática de mobilização que leve em conta as características do Brasil, ou seja, seu tamanho e diversidade”, ponderou.

Ao falar sobre os confrontos com a polícia, a liderança afirmou que “a UJS é tributária e se orgulha de poder se inspirar na Juventude Guerrilheira do Araguaia, nessa juventude que pegou em armas para defender o Brasil. No entanto, olhamos para o tempo atual, um tempo no qual conquistamos relevantes vitórias democráticas, de modo que observamos ser necessário construir uma ampla aliança com os setores progressistas para travarmos essa luta de forma massiva e pacífica”.

Segundo ele, a radicalização tem levado ao esvaziamento de determinadas mobilizações e tem crescido esse papel manipulador da mídia. “Quando é de interesse da mídia conservadora ela insufla as mobilizações, quando não é, ela criminaliza os movimentos sociais. É preciso fazer um debate franco com esses companheiros e companheiras que têm adotado, na minha opinião, uma tática equivocada. Uma tática que leva para o gueto as mobilizações e que empreende um enfretamento físico com a polícia”, frisou.

E afirmou: “Perderemos todos os confrontos com a polícia. Essa é uma das heranças da ditadura, uma polícia militarizada, que tem como objetivo reprimir os movimentos sociais. E nesse cenário precisamos usar a inteligência. Ou seja, ganhar o apoio popular, levantar nossas bandeiras de forma combativa. Mas, entender que a luta deve ser feita de forma ampla, unificada e pacífica”.

E justificou sua afirmação lembrando o esforço de construção da Jornada Nacional de Lutas deste ano, que reúne desde organizações ligadas à questão da religião, até os movimentos de combate ao racismo, à livre orientação sexual, centrais sindicais, movimento estudantil, entre outros.

“Essa gama de organizações, que reflete uma grande diversidade de opiniões, mas entendemos que para a luta avançar no Brasil é preciso construir consensos, reunir muita gente. E nós temos consensos importantes que dão o tom para lutas estratégicas, que focam diretamente no desenvolvimento do país e no avanço da democracia”, destacou durante a conversa com a Rádio Vermelho.

Heranças da ditadura e a Lei Antiterror

Ao ser questionado sobre a avaliação da UJS em torno do debate sobre a provação da Lei Antiterror em um ano em que lembramos os 50 anos do golpe militar, André Tokarski afirmou que é preciso aprender com a história e notar que muitos dos problemas que enfrentamos no Brasil nestes tempos é uma herança da ditadura. E ele destaca que um desses aspectos é o afastamento da participação da população na política.

“Olhamos com muita preocupação o debate em curso no Congresso Nacional. As tentativas de criminalizar os movimentos sociais são antigas. E essa parece ser mais uma tentativa de uma parcela da elite de criminalizar os movimentos. Não podemos nos enganar com isso. Pelo contrário, precisamos aproveitar o marco dos 50 anos do golpe e denunciar que é inadmissível que o Brasil, em um período em que lutamos pela consolidação da democracia, propor uma lei dessa espécie. Mais oportuno seria debater a desmilitarização da polícia, mais uma herança da ditadura. O problema do Brasil não é terrorismo, o problema da violência, em especial, diz respeito ao atual regime de polícia, despreparada, mal formada e mal remunerada”, refletiu.

Outro ponto fulcral e que também é uma herança da ditadura, segundo o dirigente, é a questão dos meios de comunicação e a luta pela democratização. “As contradições que estão colocadas em nossa sociedade não são simples. Essa questão da concentração dos meios de comunicação, situação vedada pela Constituição Federal, foi consolidada em aliança com a ditadura. São esses mesmos veículos (Folha, Estadão, O Globo, Rede Globo), que apoiaram o golpe, que são hoje os maiores beneficiários dessa herança”, rememorou ele.

E mais: “Achamos que é o tempo de inaugurar um novo ciclo político no Brasil, de renovar a esperança do povo, de reinventar a política e de propor uma nova agenda, que combine desenvolvimento econômico, distribuição de renda e a promoção integral dos direitos sociais”.

Acompanhe a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho