Desenvolver economia e trabalho rural é prioridade para a África

O desenvolvimento rural é uma chave para a prosperidade na África, embora ainda seja subvalorizado pelos governos, pelos credores internacionais e pelos conselheiros políticos, de acordo com um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta quarta-feira (12). O documento pede o aumento do investimento no setor, em consonância com os programas da Divisão de Economia Rural e Agricultura (Drea) e da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Nepad), da União Africana.

África - Up Sides

“Impulsionar a agricultura e cercá-la com uma economia rural forte é crucial para a África. Se isso for feito corretamente, criará milhares de empregos muito necessários, assim como recursos, inclusão, segurança alimentar, resiliência às crises e paz política e social,” escreveu o diretor-geral adjunto da OIT para Operações e Parcerias no Terreno, Gilbert Houngbo.

De acordo com Houngbo, que já foi primeiro-ministro de Togo no oeste africano, e diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), uma lição primordial do trabalho rural da OIT é “reconhecer que as comunidades rurais têm muito potencial, e que o investimento pode empoderá-las através de abordagens integradas.”

Para ele, o esforço deve ser impulsionado com infraestrutura básica física e social, como estradas, energia elétrica, educação e serviços de saúde. “Os investimentos também devem focar no desenvolvimento de habilidades relevantes e no apoio ao empreendedorismo, inclusive através de cooperativas e mecanismos de financiamento inovadores.”

Houngbo afirmou que falhar em reconhecer o valor das áreas rurais resultou no crescimento baixíssimo da produção de alimentos per capita nos últimos 50 anos, com a agricultura representando apenas 17% do Produto Interno Bruto (PIB) subsaariano, o que inclui até mesmo o decréscimo da sua já baixa produtividade.

Por isso, 60% da população rural vive em extrema pobreza, avalia o diretor togolês, ressaltando a fuga populacional para as cidades, onde as taxas de desemprego e do trabalho informal são, assim, inflamadas. Torna-se premente, assim, garantir a segurança apropriada à ocupação e à saúde, a proteção social e os direitos básicos.

Neste sentido, Houngbo referiu-se à cúpula entre líderes africanos na Etiópia, em janeiro, quando a transformação da agricultura foi colocada como tema principal. Promover as áreas rurais também significa combinar a agricultura às atividades industriais e de serviços, para estimular sinergias e diversificação, para aproveitar novas oportunidades nas tecnologias de informação e comunicação, turismo, biotecnologias, proteção ambiental e geração de energia renovável, de acordo com as conclusões da União Africana.

           Foto: União Africana
     
         Nkosazana Dlamini-Zuma, presidenta da Comissão da União Africana, urge a agência da Nova Parceria
         Econômica para o Desenvolvimento Africano sobre a necessidade de planos concretos para a agricultura.

Estas abordagens integradas, de acordo com o diretor, devem incluir a promoção de parcerias entre os setores público e privado, o desenvolvimento das estruturas necessárias para os trabalhadores rurais e os empreendedores, encorajar o diálogo entre eles e as autoridades, capacitar e promover a participação dos jovens e das mulheres, que são os verdadeiros motores da inovação rural e do crescimento.

Neste sentido, Houngbo enfatizou a importância da disseminação de práticas que têm se mostrado positivas, como a promovida nos Centros Songhaï para o empoderamento das mulheres, jovens e agricultores das comunidades rurais no Benin.

A OIT tem se engajado ativamente no trabalho rural desde a década de 1920, com uma atenção crescente para a África. Em 2008, a Conferência Internacional do Trabalho adotou uma resolução sobre o Emprego Rural para a Redução da Pobreza, que levou ao Programa de Trabalho Decente e Emprego para o período de 2009 a 2013, e à declaração de 2013 sobre o trabalho decente na economia rural como uma área de extrema importância para a organização.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações da OIT e da União Africana