Festa boliviana é reconhecida pela prefeitura de SP

Realizada desde 1999 na capital paulista, a tradicional festa boliviana que cultua a Ekeko, deus da abundância, foi finalmente reconhecida pela prefeitura de São Paulo. Contentes com a conquista, agora bolivianos querem ampliação de direitos, entre eles o direito ao voto.

Por Mariana Serafini, do Portal Vermelho

deus Ekeko na festa boliviana

Todo dia 24 de janeiro, há mais de duzentos anos, os bolivianos costumam deixar de lado seus afazeres cotidianos para cultuar o deus Ekeko. A festa é conhecida como Alasitas. Na capital paulista, onde se estima que vivam mais de 300 mil bolivianos, a festa não era reconhecida pelo poder público e chegou a ser reprimida durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Este ano a Alasita teve um motivo a mais para comemorar, o prefeito Fernando Haddad (PT) assinou o decreto que incorpora a tradicional festa ao calendário oficial da cidade. A feira também contou com o apoio logístico da prefeitura, coisa que nunca tinha acontecido antes.

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, afirma que o próximo passo da prefeitura é regularizar a feira da Praça Kantuta, tradicional lugar de encontro dos bolivianos nos domingos paulistanos. A ideia do secretário é que a feira boliviana se torne um atrativo turístico da cidade, assim como a da Liberdade.

De acordo com o presidente da Associação dos Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra (Assembpol), Luís vásquez, agora a principal demanda dos bolivianos é poder votar nas eleições. “Sem esse direito, ficamos invisíveis para os políticos”, afirmou para a Rede Brasil Atual. O secretário concordou com a reivindicação e diz que o direito de votar e ser votado para os Conselhos Participativos da cidade a comunidade boliviana já conquistou.

Alasita

Segundo a crença boliviana, Ekeko é o deus da abundância. A festa é baseada na venda de miniaturas que devem ser abençoadas com rezas por um xamã, acompanhadas de incensos e cervejas. A ideia é que o “sonho em miniatura”, depois de abençoado se torne realidade.

As pessoas compram casinhas (quando querem comprar a casa própria), ou minis canteiros de obras para quando querem construir a própria habitação, carrinhos, dinheirinhos, e o mais curioso, mini cédulas de identidades de estrangeiros, fato que mostra o quanto os bolivianos querem ser reconhecidos no Brasil.

Há ainda quem quer garantir um relacionamento, e para isso compra um galo em miniatura para ter um marido, ou uma galinha para ter uma esposa. E quem pretende subir na vida leva para casa uma vaquinha.

Todas as miniaturas são trazidas da Bolívia especialmente para a ocasião. Segundo o presidente da Assembpol, além de ser religiosa, a festa também ajuda os bolivianos a complementarem a renda.

com informações da Rede Brasil Atual