Haddad não quer que violência policial se repita na Cracolância

 O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (25) que espera não ver mais situações como a ocorrida na última quinta-feira (23), na chamada “cracolândia”, quando policiais civis realizaram uma operação utilizando bombas de efeito moral, balas de borracha e cassetetes contra dependentes químicos.

“Eu sempre acredito na evolução da espécie. As pessoas vão evoluindo, não vai se cometer os mesmos equívocos. Não é que não se possa cometer erros, mas que sejam novos”, disse Haddad, na saída do evento de posse do Conselho Participativo Municipal, no Anhembi, zona norte da cidade, quando questionado pela Rede Brasil Atual.

A exemplo da véspera, Haddad evitou comentar as declarações da diretora do Departamento de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil, Elaine Biasoli, que disse que a ação foi comum e que não tinha necessidade de avisar à prefeitura. A repressão foi promovida justamente no mês em que a administração municipal deu início ao programa Braços Abertos, que visa a oferecer casa, salário, qualificação profissional e emprego a dependentes químicos daquela região, há décadas degradada. “Eu não comento declaração. O que eu declarei está declarado e não quero mais falar nisso. Transcorreu tudo bem ontem e o trabalho foi realizado normalmente".

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O prefeito informou que na próxima segunda-feira (27) uma participante do projeto vai começar a trabalhar na copa do Executivo municipal. “Eu vou adotar uma beneficiária lá para o gabinete. Ela está grávida do sexto filho, tem 42 anos e uma boa avaliação da assistência em saúde. Ela está muito confiante”, afirmou.

Segundo o prefeito, a ideia é começar a garantir que os participantes deixem aos poucos de frequentar apenas a "cracolândia". “Vamos fazer com que eles percam a noção, alimentada há muitos anos, de que aquele é o único lugar a ser frequentado”, explicou. Ontem os beneficiários do programa receberam o primeiro pagamento e trabalharam normalmente, mesmo após a repressão.

O Braços Abertos teve início com a desmontagem de barracos, usados como moradia pelos dependentes químicos, nas ruas Dino Bueno e Helvétia. Cinco hotéis foram alugados pela prefeitura na região, para recebê-los. Os participantes têm direito a três refeições diárias, realizadas no restaurante Bom Prato, do governo estadual, mas pagas pela prefeitura, e salário de R$ 15 por dia de trabalho na varrição e zeladoria de ruas e praças, com carga de 4 horas diárias, além de duas horas de qualificação profissional.


Fonte: Rede Brasil Atual