Aldo Rebelo: Campeões com pés e mãos

O país onde a bola encontrou seu campo perfeito é agora também campeão do esporte antípoda, ou seja, conquistamos nível de excelência na modalidade jogada com a mão.

Por Aldo Rebelo*

Se no futebol o atleta pode tocar a bola com qualquer parte do corpo, menos as mãos, no handebol a regra é o contrário – e em ambos só os goleiros podem usar os membros proibidos aos demais jogadores. Já havíamos conseguido muitos títulos mundiais e olímpicos em esportes manuais, como o basquete e o vôlei, mas o recente campeonato de handebol feminino alarga a base de sucesso do Brasil no mapa esportivo internacional.

A trave e a terminologia – gol, goleiro, tiros livres, de meta, de canto – guardam analogia com o futebol desde que o handebol foi inventado, presumivelmente na Alemanha, na década de 1910. Tal como na modalidade inspiradora, era jogado na grama em campos com as mesmas e enormes dimensões por times de onze atletas. Hoje apenas sete jogadores entram nas quadras.

A evolução do esporte entre nós foi fulminante. Do vigésimo lugar em sua primeira participação no campeonato mundial, em 1995, a seleção feminina subiu para a quinta colocação no de 2011, realizado em São Paulo, e sexta nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, para agora conquistar um título histórico sobre a Sérvia, em Belgrado.

O governo da presidente Dilma Rousseff colhe no triunfo do handebol o resultado de uma política fecunda de incentivo a esportes que, embora de prática antiga e disseminada, são ofuscados pela exuberância do futebol na identidade nacional. Rotina em outros países, o apoio do Estado forja competidores de alto nível – e no Brasil essa semeadura vai fortalecendo a meta de ficarmos entre os dez primeiros colocados nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Com as mãos e os pés estamos entre os melhores do mundo.

*Aldo Rebelo é ministro do Esporte e deputado federal licenciado pelo PCdoB/SP.

**Artigo publicado na edição de sábado (18.01) do Diário de S. Paulo