Procurador da República vê indícios de propina no caso Siemens

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que há "fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina pela multinacional alemã Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo", em um parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal.

No dia 7 de janeiro promotor enviou documentos ao ministro Marco Aurélio Mello, relator do inquérito 3815, que apura ação de cartel no setor de trens e metrô em São Paulo entre 1998 e 2008 – governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB, onde constam as declarações.

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Janot cita indícios de que as empresas Constech e Procint, ligadas ao lobista Arthur Teixeira, "receberam cerca de R$ 8.603.156,98 da Siemens e da Alstom". O dinheiro teria acabado nas mãos de dirigentes do Metrô e da CPTM. E cita trecho do depoimento sigiloso em que Everton Rheinheimer, ex-executivo da Siemens, afirma que "o repasse aos políticos seria de 5%, ficando o restante com os consultores".

No documento, Janot pede a Marco Aurélio que envie à Procuradoria-Geral o depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, único elemento que justifica a manutenção do caso no Supremo por citar envolvimento de quatro deputados federais, que têm foro privilegiado, com o cartel.

Em delação premiada, Rheinheimer acusa os hoje secretários estaduais e deputados federais licenciados Edson Aparecido (PSDB), José Aníbal (PSDB) e Rodrigo Garcia (DEM), assim como o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) de receberem propina.

Para fundamentar a afirmação de que "há fortes indícios de corrupção", Janot usa três dos depoimentos colhidos pela Polícia Federal. Um deles é o do ex-diretor da CPTM Benedito Dantas Chiaradia, que disse ter ouvido de pessoas do setor metroferroviário relatos de pagamento de propina a agentes públicos. Segundo Chiaradia, os relatos davam conta de que o consultor Arthur Teixeira intermediava a formação de cartéis e viabilizava a propina.

Máfia do ISS

Ainda se promotor Roberto Bodini, que investiga a máfia do ISS em São Paulo, indicou a existência de proximidade entre o ex-prefeito Gilberto Kassab e o ex-subsecretário da Receita Ronilson Rodrigues, apontado como chefe da quadrilha, de acordo com a versão apresentada pela testemunha Gama. "É natural que eles se relacionassem. O que a testemunha relata é que havia uma proximidade acima do razoável, se é que pode-se falar em razoabilidade", disse.

"A responsabilidade do Ronilson, como corrupto, é patente. Ele tinha uma relação com o ex-prefeito. Eles que vão ter que explicar como isso ocorria", disse a testemunha. Para Bodini, essa proximidade suscita a necessidade de explicação de Kassab.

Em nota, o ex-prefeito disse que "repudia as tentativas sórdidas de envolver, de forma contumaz, o seu nome em suspeita de irregularidades que pesem contra funcionários públicos municipais admitidos há anos por concurso, cujo objetivo escuso é única e exclusivamente atingir a sua imagem e honra."

Da Redação do Portal Vermelho,
com agências