Exposição na Caixa Cultural conta a história da rede

A Caixa Cultural inaugura dia 14 de janeiro a exposição “No balanço da rede”, que apresenta a trajetória da primeira peça do mobiliário brasileiro. As redes conjugam valores das tradições culturais brasileiras com criações do design contemporâneo e articulam plasticidades tradicionais com novas materialidades.

Sob a curadoria de Denise Mattar e consultoria do pesquisador alemão Joseph Köpf, a mostra exibirá 50 redes de todo o Brasil: trançadas, tecidas, rendadas e bordadas. Desde a ini, como era chamada pelo indígena brasileiro, feita em fibra de tucum ou buriti, passando pelas sofisticadas redes com varandas bordadas, até as da produção atual.

“A riqueza plástica da rede brasileira é surpreendente: tramadas em tucum, buriti e carnaúba elas são transparentes e flexíveis. Tecidas em algodão industrial, rústico, naturalmente colorido, ou tingido, elas encantam pelos seus padrões. Bordadas em ponto cruz, richelieu, vagonite e até à maquina, elas revelam coloristas natas. Cada rede é única e uma criação coletiva, pois seu corpo é feito num local, as mamucabas, trancelins e punhos em outro, assim como as varandas e bordados”, declara a curadora.

De origem indígena, as redes se espalharam pelo mundo e são consideradas patrimônio nacional. A exposição reunirá peças produzidas em comunidades indígenas, tramadas em fibras como tucum, buriti e carnaúba; além de redes com as “varandas” de crochê e bordados, que surgiram na “casa-grande”, quando passaram a ser tecidas em algodão. A mostra também apresentará exemplos selecionados da produção semi-industrial, fonte de subsistência para muitas famílias e até cidades no Brasil.

A cenografia criada por Guilherme Isnard, optou por uma montagem lúdica e divertida, na qual as redes aparecem entre plantas e objetos de arte popular para acentuar a espacialidade da exposição. Esculturas assinadas por A. Marinheira, Resendio, Roberto de Almeida, R. Vital e Joca selecionadas por Roberto Rugiero também irão compor o espaço. Imagens de redes contemporâneas e seu uso por arquitetos e artistas como Lúcio Costa com Riposatevi – apresentada na Trienal de Milão de 1964, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, com Cosmococa, 1973 e Bené Fonteles, 1997, fazem parte do projeto.

Nas palavras da museóloga Célia Corsino, do IPHAN, “a rede é um dos patrimônios culturais brasileiros”. Sua certidão de nascimento está na Carta de Caminha, e todos os viajantes falam sobre ela: Hans Staden, Jean de Léry, Anchieta, Padre Antonio Vieira. Figuras emblemáticas da literatura histórica brasileira, como Câmara Cascudo, Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda escreveram sobre ela. Segundo o antropólogo Roque Laraia, da UnB: “Tudo o que é útil se difunde com extrema rapidez no mundo”, e foi o que ocorreu com a rede.

Serviço:

Exposição: No balanço da rede

Curadoria: Denise Mattar

Consultoria: Joseph Köpf

Cenografia: Guilherme Isnard

Visitação: de 14 de janeiro a 23 de fevereiro de 2014 (de terça-feira a domingo)

Horário: das 10h às 21h

Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3

Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca)

Telefone: (21) 3980-3815

Entrada Franca

Fonte: Agência Brasil