Comjuve sobre "rolezinhos": É preciso diálogo, não repressão

"O papel da juventude na luta política brasileiro reflete a vontade de avançar e transformar o país em uma nação forte e justa", esse foi tom dado por Osvaldo Lemos, presidente do Conselho Municipal de Juventude (Comjuve)  de São Paulo, em entrevista à Rádio Vermelho, ao falar sobre o papel da juventude na disputa política a acentuar as vitórias alcançadas na última década.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Na oportunidade, Osvaldo falou do Projeto de Lei Orgânica 05/2011 proposto por Netinho de Paula, vereador licenciado e secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, com coautoria do vereador Orlando Silva, ambos do PCdoB/SP, que foi aprovado no dia 17 de dezembro de 2013, na Câmara dos Vereadores de São Paulo. 

Segundo ele, a aprovação foi mais uma importante vitória da juventude, "uma conquista histórica". Osvaldo destacou que o próximo passo é elaborar e implementar o Plano Municipal de Juventude (PMJ): "Com ele faremos valer políticas públicas que garantam os direitos dos jovens da cidade de São Paulo".

O presidente do Comjuve rememorou que as reivindicações estão respaldadas no Estatuto da Juventude, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff em 5 de agosto de 2013, que estabelece os direitos dos brasileiros entre 15 anos e 29 anos de idade. Ele acrescentou que "para a efetivação das políticas públicas direcionadas para a juventude é preciso implementar o Sistema Nacional de Juventude".

No que se refere à construção do Plano Municipal de Juventude, Osvaldo indicou que ele será construído com grande participação social. "Serão realizadas uma bateria de audiências, Diálogos da Juventude, para debater de forma ampla e profunda as questões e anseios do jovens paulistanos", salientou.

Violência contra a juventude da periferia

Ao falar sobre a violência contra o jovem paulistano, sobretudo contra o jovem negro e pobre, o presidente do Comjuve destacou que "essa violência possui diversas fontes de origem. Primeiro, precisamos ter a consciência que ela representa uma disputa de classe que nós temos no interior da sociedade. Há um brutal preconceito e está claro que ele tem lado", enfatizou.

Ato pelas ruas de São Paulo contra o genocídio da juventude negra e pobre. Na oportunidade,
a palavra de ordem era "Mais Educação e menos violência".

Ele destacou que a juventude está alerta e possui uma agenda muito forte no combate à violência, especialmente no que se refere à repressão policial. "A violência da polícia contra os jovens é clara. Pesquisas indicam que houve uma alta no assassinato de jovens por armas de fogo, inclusive pela Polícia Militar".

Outro fator que, segundo Osvaldo, impede o avanço e reconhecimento do jovem enquanto potência para o desenvolvimento é a ausência de oportunidades. "A falta de oportunidade que o jovem tem é um grande obstáculo, especialmente para os jovens das periferias do país. De modo que bandeiras de mais acesso à educação, cultura e lazer são essenciais para vencer a desigualdade e mudar a paisagem das cidades brasileiras", asseverou.

Na oportunidade, o dirigente falou sobre o movimento chamado “rolezinhos” que está se espalhando pelas grandes cidades no Brasil. Segundo ele, o movimento reflete a necessidade de se pensar o papel do jovem nas cidades e o que as cidades ofertam para esses jovens.

Foto: Alex Silva/ Estadão
"Vivemos um momento de mudança. Os últimos dez anos garantiram acessos antes negados, especialmente aos jovens da periferia. O momento agora é olhar para essa efervescência e tentar entender quais são os anseios desses jovens que estão ocupando esses espaços. O que não podemos admitir é que esses espaços vetem o direito de ir e vir dos jovens, da sociedade brasileira", alertou ele.

Ao ser questionado sobre a declaração do prefeito Fernando Haddad em relação ao movimento "rolezinhos", o presidente da Comjuve declarou que foi uma posição muito positiva.

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"Ao contrário da declaração do governador Geraldo Alckmin, que tornou essa caso um caso de polícia ao dizer que era preciso investigar a fundo a questão, o prefeito Haddad assumiu que era preciso entender esse movimento, ouvir a garotada. Ou seja, debater a cidade, com objetivo de humanizá-la e torná-la melhor para seus cidadãos deve ser o norte. É preciso diálogo, não repressão", acrescentou Osvaldo Lemos.

Ouça a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: